O Dia que o Mundo acabou por 1 Noite!

A lua circulava pelo céu com seus anéis de brilhante. Reluzia com todo esplendor sobre pináculos, baixios, vales e mares. Ratos e baratas saíram de seus aposentos para comemorar a ocasião. Certa algazarra acontecia. Juntaram-se todos.

Festiva, a lua acompanhava-os. Entrando por um corredor, saía em outro. Vacante. Até que em certa altura da travessia, entrou por um e não saiu do outro lado. "O que teria acontecido com a lua"? Quis saber Dom Corleone, o rato mor, líder máximo que comandava o "pedaço". Para chegar ao posto, pleiteara o voto popular e democrático da bicharada por 4 vezes seguidas, ou seja 4 mandatos, mas só conseguira após 16 anos de lutas com os camaradas aliados e de paralisações e piquetes em portas de fábricas, acirrados combates e morte dos inimigos de direita. Ao conseguir o intento, regozijou em discurso: "Para ganhar o Poder, companheiros, tive que apagar as luzes daqueles que mandavam nesta nossa floresta e acender o farol, que chamo de estrela que brilha em nosso caminho; ou melhor, no meu caminho. Esses besouros nossos de cada bosta, são obtusos e não sabem votar, camaradas!"

Feita as diligências, um bêbado havia tropeçado na própria sombra e escurecera o mundo. Era a virada do ano 2000 da EC e a escuridão durou somente uma noite. No dia seguinte, tudo permanecera como no dia anterior; exceto a lua que já não era mais a mesma: perdera uns anéis e umas linhas rugosas apareceram ao redor de seu olho. Chorosa, dizia que, além de ser dependente do claridade do sol, sua beleza não era eterna. Esquenta não dona Lua, depender, surrupiar, trair e coçar, é só começar: arrumou o encosto, um bom, macio e confortável encosto, não saem mais. Está perdendo a maquiagem do rosto, por que quer.

Outro que não tivera lá muita sorte, foi o escaravelho. E embora com a despensa cheia de alimento, o corcunda e velho escaravelho aproveitou para fazer uma jornada extra e após exaustiva procura, encontrou um toco de merda e voltava rolando-o feliz da vida, quando ao aproximar-se do buraco, escorreu na casca de banana com o troço e tudo, caindo em cheio na boca do sapo. "Não fui eu que joguei, não fui eu que joguei a casca aí, para ele escorregar e cair na minha boca! Juro; juro pela minha mãe Gia"!

O sortudo do sapo não tendo nada a ver com a ganância do escaravalho e a casca que estava no lugar certo, na hora certa, com o panduzinho cheio, passou a língua nos beiços e retornou para o jardim. Mas antes de estirar o corpo, confortavelmente, na rede amarrada em dois coqueiros de palmito real, arrotou e peidou fedido para aliviar os gases estomacais. Sem dúvida o sapo barbudo era comilão, mas não era sempre que aparecia uma lauta refeição fora de hora; portanto, fez o correto e passou o velho escaravelho no papo.

- Coisa boa, quem mandou ser guloso, demais! Sempre foi miserento! Pensava que o mundo é só dele e puxava tudo para o seu lado...; viu sô Ex Cara Velho, o mundo não é de ninguém. Agora tá aí, ó; nem um caixão tem para esticar as canelinhas secas. Avareza também mata, ex Cara velho.

Má, muita má, rosnou a dona Barata que não havia conseguido uma casa naqueles cafundós, que porventura tivesse um pedaço de papel para traçar. Enquanto uns comem além do que necessitam, outros não conseguem o mínimo para matar a fome diária.

- Cale essa sua boca, dona Barata, deixe-o descansar em paz! Ele continuará perambulando pelo mundo, pagando os pecados cometidos; enquanto você vai direto para o inferno. Linguaruda, que só! - furioso, o negro Tiziu deu um pulinho no fio o qual estava, e piou-lhe essa descompostura.

Dando o que falar, o zunzunzum era sobre a esperteza do sapo. As damas da noite, excelentíssimas flores que faziam ponto nos paredões dos muros ajardinados e amigas confidenciais do escaravelho em longos papos noturnos, não gostaram nem um pouco da atitude do velhaco, o qual chamavam-o de "Coaxudo agourento".

Pelo que se sabe, ficaram ansiosas e ao mesmo tempo pacientes, com um saquinho nas mãos, à espera do ronco estomacal e a liberação das fezes pelo pequeno orifício, chamado ânus, do Sapo. E como fiéis altruístas dos infortúnios alheios, montarão um mutirão de amigos próximos para juntar os restos e cacarecos, cuja finalidade é reconstituir o velho escaravelho. Derramando rios de lágrimas pelas pétalas, resmungavam a morte do velho Ex cara velho, dizendo que " O dia que o mundo acabara por uma noite" era para quem ficou, porém para ele, que a vida não tinha mais volta, o mundo havia acabado e acabado mesmo. "Adeus viola, o coitado morreu e vai levar com ele os dentes brancos de porcelana e tudo mais. E os bens; para quem ficarão"?

- Deixe disso, agora não é hora de falar essas coisas, dona Rosa! Vê se enxerga que estamos homenageando um defunto, morto de verdade. Está acostumada com os esquemas, em que fingem de morto para lambiscar uns trocos todo mês do INSS, o ex Cara Velho morreu de fato. Se tiver que fazer alguma coisa por ele, que chore e diga apenas as boas obras realizadas pelo nosso inesquecível amigo; e diga-se de passagem, não foram poucas e boas!

Também está previsto o velório, onde todos os bichos da região irão se reunir para a última homenagem antes do enterro; que está previsto para às 17h no cemitério "Bom fim e sucesso na eternidade". Verifica-se pois, como o ex Cara velho era amado e bem quisto por todos que habitavam a floresta "O resplandecer da imensidão verde".

(ca)Olhos

Se a Natureza exigisse reparação e pagamento pelo uso de seus recursos, quanto o leitor deveria ao Meio Ambiente?

De consumo, o brasileiro entendi tudo de Black friday; pois é americano supra sumo.

Como no reino humano, a Natureza devia interagir com o meio, através do grão por grão, dente por dente, alho por olho.

Guiada por cães guias famintos, perdulários e traidores, provavelmente, não teria os olhos furados, necessitando usar óculos.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 20/01/2018
Reeditado em 21/01/2018
Código do texto: T6231079
Classificação de conteúdo: seguro