Cachorro louco

O cachorro louco, assim como era chamado pela maioria das pessoas,

estava sentado observando o formato das nuvens, levantou-se

preguiçosamente e deu cinco patadas, porém foi interrompido pela preção no

pescoço, retornou onde estava e sentou novamente. A paisagem era a mesma

aproximadamente a oito anos, uma parede surrada, um quintal de concreto

e mais nada. ergueu a cabeça quando um homem jarrão entrou no pátio,

depositou uma comida de aparência horrível no pote e desapareceu pela

porta. O cachorro louco comeu lentamente com uma careta na face, quase

vomitando afastou-se do alimento. Ouviu gemidos de outros cachorros

conversando, diziam um para o outro quantas vezes haviam recebido socos

e a quantidade que haviam comido naquele dia.

O cachorro louco cabisbaixo olhou na direção do portão de ferro por várias

horas, quando parou de fitar a noite havia caído. Tentou dormir na cama

de papelão, cobrindo-se com um tecido velho e rasgado, mas não

conseguiu pregar os olhos. De repente deu um salto e forçou a coleira, a preção era tanta

que produzia marcas no seu pescoço escuro, contudo não conseguiu se libertar.

Na manhã seguinte o sol bonito começou a nascer decorando um céu azul profundo, no

entanto, tudo o que o cachorro louco via era verde e chão batido, ao meio dia cansado e

suado não pôde parar para almoçar, permaneceu na plantação mais quatro

horas sendo castigado pelo sol forte.

Entretanto, no final da tarde foi liberado do trabalho

e com uma coleira de metal no pescoço era guiado para o mesmo lugar de

costume. Porém, no meio do caminho seu dono foi parado por quatro

cavaleiros bem vestidos e armados, que informaram que cachorro louco

estava liberto. O seu dono contrariado tentou discutir mas perante as

espadas afiadas não conseguiu fazer muita coisa, um cavaleiro cortou sua

coleira agilmente e lhe informou que hoje era

13 de maio de 1888.