O JARDIM DA D. CARMEM - EPISÓDIO 5 - ERA UMA VEZ UMA GALINHA

Próximo ao jardim havia um terreiro onde as galinhas viviam em harmonia num galinheiro. D. Carmem zelava pelo bem-estar delas mantendo-as presas para lucrar com muitos ovos. Porém, sempre existe alguém insatisfeito e no galinheiro não seria diferente. Pois, e! A Pretinha vivia reclamando da vida no galinheiro, uma galinha preta e baixinha,

- Cócócó... Não aguento mais comer ração! Preciso ir atrás de refeições de verdade e acho que sei onde encontrar. – Resmungou ela toda metida.

- Corocoróóó, duvido você sair do galinheiro, nosso lugar é aqui, deixa de coisa. – Rebateu a Galinha da Angola aos resmungos da pretinha.

Mas ela não iria desistir do seu plano. Logo, logo arrumaria uma brecha para sair e ninguém a deteria.

Enquanto isso, no jardim da D. Carmem...

- Que monótono! Ahhhhhh, estou cansado de não fazer nada! - Falou o Louva-Deus bem apoiado em um galho de roseira.

A calmaria do jardim estava longe de terminar, pois já que se tratava de um outono bem convidativo fazendo alguns insetos migrarem para outros jardins e isso explicaria o silencio relaxante propício para surpresas.

A D. Aranha tecia sua teia em completa concentração num pé de romã, enquanto era observada por sua amiga abelhinha que sugava, ao mesmo tempo, o néctar da flor da romã frondosa. E assim, todos do jardim com funções específicas vivam em harmonia até que a Joaninha que estava logo abaixo em uma folha, refletiu em voz alta:

- Está muito quieto por aqui! Tenho medo desse silêncio todo. Cadê os outros? – Falou para as companheiras – Vocês concordam comigo? – Perguntou olhando para cima, certificando de que elas estavam ouvindo.

D. Abelha, com o bico cheio para responder, fez um sinal para Aranha retrucar:

- Lavem você com estas superstições. Os outros insetos estão ocupados igual a nós aqui.

E assim seguiram-se os dias de paz. Até que não duraria muito tempo. Nos fundos da chácara o galinheiro estava em alvoroço porque a galinha Pretinha havia subido no telhado e ameaçava voar para fora na esperança de escapar a todo custo daquele galinheiro. O problema era que galinhas não voam muito alto e com certeza ela se esborracharia no chão. Mas pelo visto não se importaria, a vontade de sair dali era maior.

- Pretinha, volte já pra cá! – Ordenou a matriarca do galinheiro, a Galinha da Índia.

- Deixa ela mãe! A queda vai ser grande se tentar voar. Já estou até imaginando o desastre. – Doida para se livrar da prima, a galinha Bicuda estava mesmo era torcendo para o pior acontecer.

De repente, ouviu-se um barulho. Todos do galinheiro olharam para cima e não é que a Pretinha estava voando para o terreiro feliz da vida. Contudo, o pouso não foi dos melhores. Acabou por se esborrachar todinha, esfregando o bico na terra, levantando poeira.

- Ai, Ai! Acho que fiquei cegaaaaa! – Gritou desesperada com terra nos olhos. - Preciso de água, - Saiu correndo, meio tonta da queda para um tanque que ficava próximo.

Passado o susto, ela estava faminta e viu flores mais adiante:

- Um jardim! Maravilha, irei correndo pra lá. Deve ter muitos insetos apetitosos e flores deliciosas.

Antes mesmo de tentar dar três passos, ouviu uma voz por entre as plantas. Olhou para cima, mas não conseguiu ver quem era.

- Não se mova! Fique onde está! O seu lugar não é aqui fora e sim no galinheiro de onde nunca deveria ter saído. – Repreendeu-a um Saguim de cima do pé de romã.

- Cocoricó, quem você pensa que é, sua miniatura de macaco. Não tenho medo de você. – Deu um fora no Saguim e prosseguiu com seu plano de saciar a fome.

Travaram uma verdadeira disputa. A galinha corria e voava, enquanto o Saguim, pulava de galho em galho com o intuito de barrá-la, antes que fosse tarde demais.

Próximo a lateral do Jardim da D. Carmem, Pretinha ciscava e ciscava tentando driblar o macaquinho e entrar. “Falta tão pouco”, pensou.

O tumulto chamou a atenção dos insetos que se encontravam no jardim.

-Que confusão é essa no protão? Perguntou Joaninha.

- Deixa comigo. – d. Abelha foi voando o mais rápido que pode.

Quando percebeu o motivo de tanto barulho, assustou-se. Voltou quase sem fôlego e avisou aos outros:

- Escondam-se, escondam-se! Tem uma galinha gigante querendo entrar no jardim. Não sei até quando Saguim irá aguentar.

Na parte da frente do Jardim, dando seu cochilo estava uma raposa. E astuta com seu olfato aguçado, soube em instantes que havia uma galinha por perto:

-Que beleza! Vou encher a pança logo cedo!

Foi aproximando-se por trás, devagar preparando o bote. O Saguim viu e tentou mesmo assim avisá-la, porém, não deu tempo e o pior aconteceu: a raposa abocanhou o pescoço da Pretinha que ciscou e ciscou até desfalecer sem direito a defesa.

Após o ocorrido, Saguim avisou aos habitantes do Jardim que ficassem tranquilos, pois a galinha havia sido comida pela raposa.

Mais tarde no galinheiro...

- Coitada da Pretinha, reclamou de barriga cheia, acabou comida por uma raposa. - Refletiu a Galinha-da-angola

DÉBORA ORIENTE

Debora Oriente
Enviado por Debora Oriente em 02/11/2021
Reeditado em 16/01/2024
Código do texto: T7376530
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