Conversando com Deus.

Conversando com Deus.

Saindo de Bike pela manhã, ele, magro, puxando do lado direito, sentado no selim, amarrando com velcro seu pé junto ao pedal.

- Puta que pariu... Fica ai merda...

Sem perceber que um velho se aproximava.

- Bom dia. Precisa de ajuda?

- Não. Obrigado...

- OK. Neste caso... você pode me ajudar?

- Diga...

- Eu estou procurando um rapaz assim como você, ele esta precisando de ajuda, e, se nega a receber, pois, acha que nada e ninguém faz algo sem ter volta.

- Mais não é uma verdade?..

- Não creio que seja!.. Você está aqui buscando me ajudar sem esperar nenhuma troca, concorda?

- hum!..l

- Então, quantas pessoas você já estendeu sua mão sem qualquer retorno?

- Muitas... Mas, o retorno segundo lei bíblica, é, que receberemos de outras pessoas, neste caso, existe uma troca de valores, ou não?

- Ah! A Bíblia... Ham! Ham! Você crê na Bíblia?

- Não...

- Nem deveria... É só um livro... Crê em alguma coisa?

- Não... Agora me perdoe, tenho que trabalhar, quanto ao rapaz, não conheço as pessoas daqui. Não me misturo. Bom dia.

- Bom dia. Vá com Deus... Ah!.. JÁ O ENCONTREI...

E o velho acenou.

Começou a pedalar, passando pela Dubai, Largo dos Mares. Calçada em direção a Feira de Águas de Meninos. Viu uma mulher sentada a beira do passeio tentando juntar as peças da sua crença, búzios, colares e um pequeno santo que era na verdade Cosme e Damião.

Parou a bike, olhou no celular, tinha tempo para ajudar...

- Bom dia!..

- Bom dia.

- Posso te ajudar?

- Claro!

- OK

Abaixou-se e começou a catar os apetrechos, a mulher sorria e o olhava, ele, cismado perguntou:

- Há algo errado?

- Não sei... Tem!

- Acho que não... Então, por que me olha e ri.

- Bom, achei você com uma atitude tão bonita. Nem me conhece e parou para ajudar, é bonita essa atitude... Não acha!

- Sim. Tem tantas pessoas passando e os desgraçados, olham, mais, são incapazes de ajudar!

- É, tem sim! Mais, o que me encabula é o fato de você ter tanta disposição para ajudar, mas, não consegue se ajudar. Existe algum gatilho que seja preciso acionar-lo, para impussionar você, de você mesmo?

- Que tal morrer?

- Sim, uma ajuda plausível, contudo, ineficaz; já pensou em não morrer e sim lutar. O quê você mais deseja?

- Dinheiro e uma casa.

- Ok, que assim seja...

- Meu Deus, ela é a fada madrinha dos aleijados, kkkkkkk, por favor vim te ajudar, não ouvir sermão.

- Não é sermão, e, não, não sou fada madrinha, Kkkk, porém, acho que você tem problemas com a sua terceira visão, para onde está indo antes de parar pra me extender a mão?

- Pro trabalho!

- Isso mesmo, trabalho, logo você tem dinheiro.

- Grandes merdas, que não posso comprar nada.

- Engano seu... E as coisas como o disco de Jessé que adquiriu recentemente.

- A que custo?

- O de seu suor, assim como em tudo que faz, depois, reveja seus gastos, equilíbrio-os e ira reder, com demora, mais, rende... Agora, para onde vai quando sai do seu trabalho?

- Para a casa de Débora.

- Quem é Débora? Sua esposa? companheira? Bom, esquece... Se você tem para onde ir, logo, você tem uma casa.

- Hum! Hum!...

- Abrace a casa já que ela diz que é sua também, faça valer a informação, pode o quê lhe faz mal, tente mostrar que tem valor...

- Bom, tudo catado, vou seguir para o trabalho. Cuidado. Tchau.

- Obrigada. Tchau...

Pegando a Bike, voltou a pedalar; pensando na Bike de alumínio e no que ouvirá daquela mulher.

"Mostre seu valor".

Chegando no Comércio, subiu o elevador Lacerda, entrou pela Castro Alves, passou pela Casa Di Itália, lembrou que queria aprender o idioma, o antigo Hotel da Bahia, Rede Mix e foi trabalhar...

Fim de um dia trabalhoso, pegou a Bike, retornou a Praça do Campo Grande, quebrando pelo Forte São Pedro, em direção a Ladeira da Contorno, na descida, um pouco depois do Solar do Unhão, uma criança descia sozinha para o Mercado Modelo, parou a Bike, perguntou:

- Garoto esta perdido? Quem está com você? Quantos anos tem?

- Não estou perdido, mas, e, você esta? Estou só. Não mais do que você nesta fase! Tenho oito, e o senhor, deve ser mais novo que eu!

- Ah! Tá... (Mais um que acha que não cresci.).

- Não acho... Tenho certeza!

- Já fui...

- Espere Dinho, por que você sempre foge?

- Você me conhece?

- Sim, e, fico pensando, onde foi o bloqueio que te levou a fugir de tudo, quando nada te agrada ou se faz difícil. Eu lembro que você era infernado, como diz Dita, de repente, onde havia risos, restou um semblante triste e essa vontade de morrer. O quê é isso!..

- Quem é você?

- Vejo em você, tantas coisas que só você sabe fazer, leio todos os dias as coisas que escreve, principalmente as sobre min, é hilário, eu gosto... Vejo as lágrimas que pedem ajuda para acreditar, CARA, você, não precisa de ninguém para crer em você, apenas acredite e o resto virá, Osvaldo Rocha Jr. Sei, e, presenciei as pessoas ao seu redor te rebaixar e você deixar acontecer, sua família que você sabe muito bem que não são melhores que você, sua atual companheira, que exalta o filho sem deixar espaço para você mostrar seus atributos... E, isso cansa, eu sei...

Choro...

- Não chore, que benefício te trás lamentar, AMIGO... Olhe para si, o quê vê? Por que eu vejo alguém que tem capacidade de ir além de muitos que se julgam os bam bam bam da puta que pariu. A partir de hoje, à noite, chegará em casa, beijara sua companheira sem esperar dela nada, veremos como sairão as coisas. Agora. Sobe nesta porra de Bike e me dê carona até o Mercado do Peixe, tenho que falar com uma pessoa. Ah! Meu nome... Alguns me chamam de Deus... Para você... Sou só sua consciência acordando.

Pedalei até o Mercado, a Bike estava com o mesmo peso de quando sai do trabalho, ele soltou. Segui viagem para nossa casa, beijei a companheira como predestinado pela criança, e, esperaremos o amanhã...

Texto: Conversando com Deus

Autor: Osvaldo Rocha

Data: 01/12/2021

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 02/12/2021
Reeditado em 05/12/2021
Código do texto: T7398103
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