O último sonho.
Tragou-me a voragem do Desconhecido.
Isolei-me demasiadamente da vida, e ao meu recolhimento profundo, fatal, somente as sombras me acompanharam.
Eu não soube integrar-me nelas. E, tomando vulto os espectros interiores dos meus próprios pesadelos, das minhas íntimas dúvidas, para escapar-me aos seus tentáculos atrozes, sonhei e arquitetei a volúpia do aniquilamento.
A vida impõe o intercâmbio das emoções: o interior e exterior devem casar-se, sem que os vultos funestos do desânimo e da morte se apossem da nossa individualidade.
É na integração do homem na vida que reside a Felicidade.
Quem se isola do mundo, e procura só no interior desempenhar a vida, sofre a asfixia dos seus sonhos e das suas esperanças.
A morte tem, para os desiludidos, a aparência fulgurante de uma Canaã.
O último sonho dos derrotados é a Morte.