Professor 

                Fui convidado e fui  dar aula no mauá da Caxias. Com apartamento em Gramado achei que era facil. Foi em abril.   2007.   
               Eu não dava aula para turmas heterogêneas há uns dez anos.  Nos meus cursos as turmas têm dez alunos , no máximo.      Ia toda a segunda feira para lá.         Um stress.       A viagem de madrugada era um caso sério.  Na maioria das vezes nao se enxergava nada.     Mas por sorte nunca houve  acidente.  
            A turma era querida e uma boa parcela esforçada. Mas como em toda turma grande , 100, uma boa parcela não queria nada com nada.    Queriam o que todos dão. Fórmulas para decorar. Questões fáceis e que não necessitavam raciocinio.  Ou seja queriam a matéria como ela não cai no vestibular da Federal. E os Cursinhos alimentam esta mentira. Usam inclusive,  e não é só o Mauá de Caxias mas outros do Rio Grande, polígrafos de São Paulo. Nestes polígrafos o forte é o cálculo que é fundamental para as Universidades de São Paulo. O Curso estava numa crise institucional tão violenta que os professores não tinham o mesmo material dos alunos.     Eu tinha que perguntar aos aos alunos o número dos exercícios que existiam no livro deles ,  colorido para eu comparar com o meu , xerox em preto e branco que eu tinha feito com o meu dinheiro.     Voces não fazem ideia dao stress.  Fiquei um mês.  
               Numa segunda feira  me estressei ao ponto de solicitar a secretaria que me substituisse de tarde pois eu estava com um problema de saude e precisava resolver o caso em Porto Alegre.        Ela disse que não podia fazer nada. Solicitei que ela entrasse em contato com um diretor.    Ela disse que nenhum diretor  ia lá  às segundas feiras.     Me despedi , peguei o meu carro e voltei para Porto alegre para não mais voltar. 
    Foram trinta dias de tortura não tanto pela viagem mas pela falta de condições de trabalho. Nunca vi um diretor. Só moças educadíssimas e altamente treinadas para  matricular alunos . 
   Hoje fiquei sabendo que o professor Demetrio, largamente conhecido em Porto Alegre,  que me substituiu , faleceu depois de passar mal   no meio de uma aula.   Stress.  Grande professor.  Esforçado competente e digno do título.  Ficou realmente no meu lugar.
     Senti que renovaram o meu passaporte. Fiquei para a próxima. 

 Cest la vie !

Geraldo Fulgencio