Presidente ou Presidenta?

É inacreditável, como, ainda nos limiares do Terceiro Milênio, as pessoas procuram "chifre em cabeça de cavalo". Qual a necessidade que temos, neste momento, de discutir se o correto é falar "Presidente" ou "Presidenta", quando uma mulher ocupa o cargo? Primeiramente, nenhuma. Não temos nenhuma necessidade de se discutir essa questão semântica, diante das maiores preocupações que o próximo (2015) Governo brasileiro pode enfrentar: inflação, desemprego, desabastecimento etc.

Então, por que será que pessoas importantes, como o Senador Cristóvam Buarque, ex-Reitor da Universidade de Brasília, dão tanta importância a este assunto, e o que é pior, aceitando que é possível ser aplicada a palavra "Presidenta" ao caso em tela. E pior ainda, isto porque a Sra. Dilma Roussef, eleita para o cargo em 2010, impôs ser chamada de "presidenta".

Não é possível e nem crível que as pessoas inteligentes e cultas aceitem discutir a mudança do nosso vernáculo, apenas para satisfação do ego de um pessoa eleita para ocupar a Presidência da República. Isto é grave! E é importante observar que dar poder à Presidente da República para modificar o idioma português, para instituir uma palavra nova que lhe dá uma certa satisfação, é dar importância demasiada a um aspecto de fraqueza de quem ocupa o cargo mais importante do país. E se for por imposição, é o início de uma possibilidade de salientar a ditadura: "é assim porque eu quero que seja assim". Mas, com o dinheiro do povo?

Honestamente, não devemos admitir por admitir. Há até filólogos que admitem ser possível o uso da expressão "presidenta". Mas, eu não me lembro de em toda minha vida acadêmica ter ouvido, por exemplo, a expressão "gerenta", ou "docenta". Assim, o que se constata é que, mesmo os filólogos que concordam com essa expressão, estão procurando satisfazer o "ego" das assim chamadas "presidentas".

Em verdade, o que podemos analisar é o seguinte: os termos "prevento", "ciumento", "jumento", "fraudulento", "sonolento", "sedento", "lento", "nojento" etc., admitem os seus respectivos "femininos": preventa, ciumenta, jumenta, fraudulenta, sonolenta, sedenta, lenta, nojenta etc. Esses vocábulos têm sua terminações pelo sufixo "ento", cujo feminino "enta" se justifica. Mas, os vocábulos "gerente", "coerente", "superintendente", "demente", "discente", "docente", "doente", "quente", "vivente", "valente", assim como "presidente", não admitem sua forma feminina, pois, jamais ouvimos as expressões: "a gerenta", "a mulher coerenta", "a superintendenta", "ela é dementa", "a discenta", "a docenta", "doenta", "a mulher é quenta", "ela é viventa", "a mulher valenta", assim como "a presidenta". O certo mesmo é que falemos: "a gerente", "a mulher coerente", "a superintendente", "ela é demente", "a discente", "a docente", "doente", "a mulher é quente", "ela é vivente", "a mulher valente", assim como "a presidente". Esse sufixo "ente" significa "ser" e é por isto que não pode ser modificado assim, a "bel prazer" da satisfação do ego de alguém.

O valor da mulher, da pessoa que ocupa o cargo, não está na forma como se expressa o nome do cargo "presidente" ou "presidenta". Deve-se preservar a origem das palavras, não que a morfologia seja mais importante do que o próprio cargo, mas, como forma de contribuir com a importância da semântica; deve-se manter valorizada a origem das palavras, para que não se atropele a interpretação de textos históricos, legais e didáticos.

Por isto, conclamo: se for necessário essa discussão, que ponhamos logo um fim nas questões e se explique porque não se usa tanto essas expressões cujo "sufixo" se iguala, alhures demonstras, como "gerenta", "viventa" etc.

Melhor focar o interesse da nação naquilo que realmente interessa que é saber se a Sra. Dilma Roussef (se eleita) fará ou não um bom Governo, a partir de 2015, que a justifique ser chamada pelo povo de Presidente do Brasil. Ou, quem sabe, teremos outra mulher no cargo, que permita-se ser chamada de "Presidente".

Boa eleição a todos!