LÍNGUA PORTUGUESA - PARTE III UM ESTUDO SOBRE A GRAMÁTICA

Já vimos em artigos anteriores que a matéria-prima da Gramática é um sistema de normas que dá estruturação à língua, isto é, são essas normas quem definem a língua padrão ou norma culta, se preferir. Já não é mais surpresa ser a língua um sistema tríplice que compreende um sistema de formas (mórfico), um sistema de frases (sintático) e um sistema de sons (fônico). Justamente por essa razão, a Gramática tradicionalmente divide-se em morfologia, área que abrange o sistema mórfico; sintaxe, parte que enfoca o sistema sintático; fonética/fonologia campo gramatical que cuida de enfocar o sistema fônico.

Lembrando ainda que alguns gramáticos incluem nessa visão uma quarta parte, a semântica, que se ocupa dos significados dos componentes de uma língua e que, de modo algum, vamos deixá-la de fora desta amostragem articulista. Isso é justo porque a semântica é um ramo da linguística que estuda o significado das palavras, frases e textos de uma língua. Além disso, ela pode ser dividida em descritiva ou sincrônica quando estuda o sentido atual das palavras e em histórica ou diacrônica quando estuda as mudanças que as palavras sofreram no tempo e no espaço.

Mas hoje, focaremos nossos estudos somente num dos pilares que ajudam a sustentar a Gramática e o chamamos de Morfologia. Faremos isso porque é exatamente através da Morfologia que vamos ficar sabendo que para uma melhor compreensão e facilitação do estudo gramatical a Gramática foi dividida em classes, ou classes de palavras, algumas variáveis e outras não, formando dez, ao todo.

Nessas condições, podemos dizer, então, que a Morfologia é o estudo a respeito da estrutura, formação e classificação das palavras e que estudar Morfologia, no entanto, significa estudar, isoladamente, as classes das palavras, ou seja, substantivos, artigos, pronomes, verbos, adjetivos, conjunções, interjeições, preposições, advérbios e numerais.

Percebe-se, no entanto, que em português, existem dez classes gramaticais, ou classes de palavras, ou ainda classes morfológicas, que talvez fosse mais óbvio chamá-las assim. Destas, seis (artigo, adjetivo, pronome, numeral, substantivo e verbo) são variáveis porque flexionam indo ao plural, ou feminino, ou superlativo, isto é, variam em gênero, número ou grau, e quatro (advérbio, conjunção, interjeição e preposição) são invariáveis porque não sofrem flexões, ou seja, não variam.

De modo ainda mais resumido, podemos dizer que as palavras variáveis são aquelas palavras que alteram sua forma para indicar um acidente gramatical e que as palavras invariáveis são as palavras de forma fixa.

Contudo, não pense que essa classificação ou separação classicista é de comum aceitação por todos os gramáticos, pois não é. Uma que o processo para obtermos a atual configuração gramatical levou séculos, outra, dada as divergências entre estudiosos da língua.

Para que se tenha uma noção desse processo de construção e definição gramatical é interessante saber que a primeira gramática do ocidente foi de autoria de Dionísio da Trácia (Alexandria), o patrono das letras, que classificava o discurso em oito partes (nome, verbo, particípio, artigo, preposição, pronome, advérbio e conjunção). Como disse, a língua é viva, daí, serem comuns essas alterações. Verdade é que nós somos os responsáveis por essas mudanças que já ocorreram no passado e pelas que ainda vão ocorrer daqui para frente. Mas não é nada fácil classificar uma palavra, porém, nessa atualidade, todas as palavras da língua portuguesa estão incluídas dentro de uma das dez classes gramaticais dependendo das suas características. Claro que ainda há e creio que sempre vai haver discordância entre os gramáticos quanto a algumas definições ou características das classes gramaticais.

Gilson Vasco
Enviado por Gilson Vasco em 25/03/2017
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