A CONJUNÇÃO "E" EM ENUMERAÇÕES
Começamos com duas frases:
(1) Na feira havia laranjas, abacaxis, bananas e abacates.
(2) Na feira havia laranjas, abacaxis, bananas, abacates.
As duas frases dizem a mesma coisa, ou não? No nosso modo de ver e entender a questão, a supressão da conjunção (substituída por uma vírgula) na segunda frase provoca uma certa diferença semântica entre os dois enunciados. Quem diz a primeira frase certamente não viu mais nada além daquelas quatro frutas. Na segunda frase, o que importa é citar aquelas quatro frutas, mesmo que, provavelmente, houvesse muitas outras na feira.
Continuando com exemplos:
(1) No barco de refugiados vieram mulheres, crianças e gente doente.
(2) No barco de refugiados vieram mulheres, crianças, gente doente.
Na segunda frase, pode-se entender que também havia homens saudáveis no barco. Mas a primeira frase não indica isso, só diz que havia mulheres, crianças e gente doente.
Mais este par de frases:
(1) Meu pai negociava com madeira, com frutas e com gado leiteiro.
(2) Meu pai negociava com madeira, com frutas, com gado leiteiro.
A primeira frase parece dizer que o ramo de atividades não ia além daquelas três coisas citadas. Já a segunda frase quer dizer que o ramo de atividades era baseado na madeira, nas frutas e no gado leiteiro, podendo estender-se a algum outro comércio, menos importante.
Enfim, a conjunção "e" (mais correto seria colocá-la em itálico, mas como não temos acesso a esse luxo, fica em parênteses) dá um caráter definitivo às enumerações, e a falta dela deixa algo no ar, para o exercício da imaginação.