05 de maio: Dia da Língua Portuguesa e da Cultura Lusófona - 12 palavras iguais, mas diferentes em Portugal e no Brasil

MOMENTOS POÉTICOS

Aos meus leitores e às minhas leitoras!

A Vida tem seus Momentos Poéticos,

Que se burilam em versos eternos.

E o poeta vai além dos céticos,

Porque sutiliza moção em versos,

Nas entrelinhas antevê o pulsar

De coração cheio de esperança,

Amor maior a Minas a vibrar,

De alegria qual pura criança.

Contemple, pois, alma gentil e sinta...

Suave melodia do soneto,

Seja Camões como latina cripta,

Seja Shakespeare como toque feito.

Divinópolis, brinde o Divino!

São João Del-Rei, Cidade do Sino!

https://www.recantodasletras.com.br/poesias-de-vida/6064943

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Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Bandeira CPLP.svg.png

Membros da CPLP.png

Fundação 17 de julho de 1996 (21 anos)

Tipo Organização internacional

Sede Portugal Lisboa

Membros

9 países-membros[Expandir]

10 observadores[Expandir]

Línguas oficiais Português

Secretário Executivo São Tomé e Príncipe Maria do Carmo Silveira[1]

Sítio oficial www.cplp.org

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma organização internacional formada por países lusófonos,[2] cujo objetivo é o "aprofundamento da amizade mútua e da cooperação entre os seus membros".[3]

A CPLP é formada por nove Estados soberanos cuja língua oficial ou uma delas é a língua portuguesa. Eles estão espalhados por todos os cinco continentes habitados da Terra, uma vez que há um na América, um na Europa, seis na África e um transcontinental entre a Ásia e a Oceania. São eles: a República de Angola, a República Federativa do Brasil, a República de Cabo Verde, a República da Guiné-Bissau, a República da Guiné Equatorial, a República de Moçambique, a República Portuguesa, a República Democrática de São Tomé e Príncipe e a República Democrática de Timor-Leste.[22]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade_dos_Pa%C3%ADses_de_L%C3%ADngua_Portuguesa

https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade_dos_Pa%C3%ADses_de_L%C3%ADngua_Portuguesa

___________

Distribuição da língua portuguesa no mundo:

Língua materna

Língua oficial e administrativa

Língua cultural ou secundária

Comunidades de minorias lusófonas

Crioulo de base portuguesa

Lusofonia [1] [2] é a comunidade formada por todos os povos e as nações que compartilham a língua e cultura portuguesas como Angola, Brasil, Cabo Verde, Galiza, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Goa, Damão e Diu e por diversas pessoas e comunidades em todo o mundo. O Dia da Lusofonia é comemorado em 5 de maio, dia esse dedicado à língua, cultura e expressão portuguesa. É consagrada a Nossa Senhora da Conceição.

Ver também: Lista de países onde o português é língua oficial

País População (est. 2014)[3] IDH (2013)

Brasil Brasil 202.656.788 0,744 (elevado)

Moçambique Moçambique 24.692.144 0,393 (baixo)

Angola Angola 24.300.000 0,526 (baixo)

Portugal Portugal 10.813.834 0,822 (muito elevado)

Guiné-Bissau Guiné-Bissau 1.693.398 0,396 (baixo)

Timor-Leste Timor-Leste 1.201.542 0,620 (médio)

Macau Macau 587.914 0,868 (muito elevado)

Cabo Verde Cabo Verde 538.535 0,636 (médio)

São Tomé e Príncipe São Tomé e Príncipe 190.428 0,558 (médio)

Total 267.396.837 S/D

Nota: Alguns linguistas argumentam que o galego, falado na Galiza, é na verdade apenas um dialeto do português; o que naturalmente também tornaria o noroeste da Espanha uma parte do mundo lusófono.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lusofonia

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https://noticias.bol.uol.com.br/bol-listas/12-palavras-iguais-mas-completamente-difere

05/05/201807h00

Em 2009, 5 de maio foi instituído como o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura Lusófona pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa na 14ª Reunião Ordinária do Conselho de Ministros, em Cabo Verde. Se, por um lado, a língua é um patrimônio comum com os outros países que falam português, por outro, o fato de o idioma ser vivo e influenciado pela cultura faz com que tenhamos palavras graficamente iguais aqui e em Portugal, porém com significados completamente diferentes. Confira dez casos e comente se lembrar de mais algum.

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1/06/201509h00

Confira as 10 dicas de português para erros comuns no idioma 11/06/201509h00

Comunicar erro 10 do BOL Reunimos dez portugueses famosos para dar dicas de como não cometer alguns dos erros mais comuns da língua.

1 Dica do português: lembre-se de que "a gente" significa "as pessoas". Agente é a pessoa que executa alguma ação, aquele que age. Outra dica: se você vai, você vai a algum lugar, e não em algum lugar. Por isso, o correto é ir "ao "ao show", e não "no show"... -

2 Dica do português: Vamos começar colocando uma vírgula para separar o período. Ela é necessária porque depois vai aparecer uma coisa diferente do que foi afirmado no começo "você é feio, mas...". E esse "mas" serve justamente para... -

3 Dica do português: só use "aonde" para indicar que está em movimento, como em "aonde você vai?". Tente trocar o "aonde" por "para onde". Se não soar bem, diga apenas "onde"... -

4. As naus passaram desapercebidas... -

Dicas do português: no tempo de Camões, os navios eram chamados de naus, naves. E se ninguém percebeu a passagem delas, elas passaram "despercebidas". "Desaperceber" é uma palavra pouco usada no dia a dia que significa desprevenir... -

5 Não estrupada... - mas, estuprada

6. TV não tem nada haver...

Dica do português: experimente completar a frase com alguma coisa que não teria relação com a primeira: "TV não tem nada a ver com cinema". O verbo "haver" pode ser usado no sentido de "ter". Veja como ficaria estranho: "TV não te... -"TV não tem nada tem".

6 Dica do português: decore que "mau" é o contrário de "bom", e "mal" é o contrário de "bem". Qual o contrário de Lobo Mau? Lobo Bom. Então, o jogador só pode ficar "de mal" do técnico. Mas isso é só birra......

7 Dica do português: só use "são" se as horas estiverem no plural, como "são duas horas". No caso do meio-dia, é metade de um dia, no singular. E como é metade de um dia são 12 horas, se você completar com "meio", estará acrescentar meia hora. Portando, é meio-dia e meia (hora) .

8 Dica do português: quando a palavra "meio" está sendo usada no sentido de "um pouco", ela é um advérbio, e nunca vai para o feminino: meio cansado, meio triste, meio feliz. Use "meia" quando se referir à metade de alguma coisa: meia pizza, meia caneca. Ou quando estiver com frio nos pés. Outra coisa: perceba o acento em "ruim" na frase errada. Ele está ali só para indicar o jeito que falamos normalmente. Mas a pronúncia correta é "ruím", como se tivesse acento no "i" .

9 Dica do português: "afim", tudo junto, significa ligação, envolvimento com alguma coisa. É a base da palavra "afinidade". Já a expressão "a fim" significa disposição para fazer alguma coisa. E olha, quando o Saramago não estava a fim, ninguém conseguia fazê-lo mudar de ideia ...

https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2015/06/11/bol-listas---confira-as-10-dicas-do-portugues-para-erros-comuns.htm

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Cultura Lusófona e Lusofonia. TEXTOS E POEMAS DA LÍNGUA PORTUGUESA E BRASILEIRA

João Pereira <profpereira.joaobosco@gmail.com>

22:24 (Há 0 minutos)

para EE

https://noticias.bol.uol.com.br/bol-listas/12-palavras-iguais-mas-completamente-difere

05/05/201807h00

Em 2009, 5 de maio foi instituído como o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura Lusófona pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa na 14ª Reunião Ordinária do Conselho de Ministros, em Cabo Verde. Se, por um lado, a língua é um patrimônio comum com os outros países que falam português, por outro, o fato de o idioma ser vivo e influenciado pela cultura faz com que tenhamos palavras graficamente iguais aqui e em Portugal, porém com significados completamente diferentes.

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Bandeira CPLP.svg.png

Membros da CPLP.png

Fundação 17 de julho de 1996 (21 anos)

Tipo Organização internacional

Sede Portugal Lisboa

Membros

9 países-membros[Expandir]

10 observadores[Expandir]

Línguas oficiais Português

Secretário Executivo São Tomé e Príncipe Maria do Carmo Silveira[1]

Sítio oficial www.cplp.org

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma organização internacional formada por países lusófonos,[2] cujo objetivo é o "aprofundamento da amizade mútua e da cooperação entre os seus membros".[3]

A CPLP é formada por nove Estados soberanos cuja língua oficial ou uma delas é a língua portuguesa. Eles estão espalhados por todos os cinco continentes habitados da Terra, uma vez que há um na América, um na Europa, seis na África e um transcontinental entre a Ásia e a Oceania. São eles: a República de Angola, a República Federativa do Brasil, a República de Cabo Verde, a República da Guiné-Bissau, a República da Guiné Equatorial, a República de Moçambique, a República Portuguesa, a República Democrática de São Tomé e Príncipe e a República Democrática de Timor-Leste.[22]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade_dos_Pa%C3%ADses_de_L%C3%ADngua_Portuguesa

https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade_dos_Pa%C3%ADses_de_L%C3%ADngua_Portuguesa

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Distribuição da língua portuguesa no mundo:

Língua materna

Língua oficial e administrativa

Língua cultural ou secundária

Comunidades de minorias lusófonas

Crioulo de base portuguesa

Lusofonia [1] [2] é a comunidade formada por todos os povos e as nações que compartilham a língua e cultura portuguesas como Angola, Brasil, Cabo Verde, Galiza, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Goa, Damão e Diu e por diversas pessoas e comunidades em todo o mundo. O Dia da Lusofonia é comemorado em 5 de maio, dia esse dedicado à língua, cultura e expressão portuguesa. É consagrada a Nossa Senhora da Conceição.

Ver também: Lista de países onde o português é língua oficial

País População (est. 2014)[3] IDH (2013)

Brasil Brasil 202.656.788 0,744 (elevado)

Moçambique Moçambique 24.692.144 0,393 (baixo)

Angola Angola 24.300.000 0,526 (baixo)

Portugal Portugal 10.813.834 0,822 (muito elevado)

Guiné-Bissau Guiné-Bissau 1.693.398 0,396 (baixo)

Timor-Leste Timor-Leste 1.201.542 0,620 (médio)

Macau Macau 587.914 0,868 (muito elevado)

Cabo Verde Cabo Verde 538.535 0,636 (médio)

São Tomé e Príncipe São Tomé e Príncipe 190.428 0,558 (médio)

Total 267.396.837 S/D

Nota: Alguns linguistas argumentam que o galego, falado na Galiza, é na verdade apenas um dialeto do português; o que naturalmente também tornaria o noroeste da Espanha uma parte do mundo lusófono.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lusofonia

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https://noticias.bol.uol.com.br/bol-listas/12-palavras-iguais-mas-completamente-difere

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A CAROLINA

Querida, ao pé do leito derradeiro

Em que descansas dessa longa vida,

Aqui venho e virei, pobre querida,

Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro

Que, a despeito de toda a humana lida,

Fez a nossa existência apetecida

E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancados

Da terra que nos viu passar unidos

E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos

Pensamentos de vida formulados,

São pensamentos idos e vividos.

Machado de Assis Poesias de Machado de Assis.

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oneto "Língua Portuguesa" de Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,

És, a um tempo, esplendor e sepultura:

Ouro nativo, que na ganga impura

A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.

Tuba de alto clangor, lira singela,

Que tens o trom e o silvo da procela,

E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma

De virgens selvas e de oceano largo!

Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",

E em que Camões chorou, no exílio amargo,

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

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Camões: Poesia lírica: entre a poética tradicional e o estilo renascentista... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/camoes-1-poesia-lirica-entre-a-poetica-tradicional-e-o-estilo-renascentista.htm?cmpid=copiaecola

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000164.pdf

Amor é fogo que arde sem se ver é um soneto de Luís Vaz de Camões. Grande escritor português, autor de Os Lusíadas, maior poema épico da língua portuguesa. Nasceu em 1524 e morreu em 1580, provavelmente, em Lisboa.

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói, e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

é um andar solitário entre a gente;

é nunca contentar-se de contente;

é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence, o vencedor;

é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor

_____

Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida, descontente,

Repousa lá no Céu eternamente,

E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,

Memória desta sida se consente,

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te

Alguma cousa a dor que me ficou

Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cd me leve a ver-te,

Quão cedo de meus olhos te levou

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Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; mas não servia ao pai, servia a ela, e a ela só por prémio pretendia. Os dias, na esperança de um só dia, passava, contentando se com vê la; porém o pai, usando de cautela, em lugar de Raquel lhe dava Lia. Vendo o triste pastor que com enganos lhe fora assi negada a sua pastora, como se a não tivera merecida; começa de servir outros sete anos, dizendo: —Mais servira, se não fora para tão longo amor tão curta a vida.

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A Noite (Cruz e Sousa, grafia de 2008)

ExpandirInformações desta edição

Poema publicado em Evocações

Ó doce abismo estrelado, nirvana sonâmbulo, taça negra de aromas quentes, onde eu bebo o elixir do esquecimento e do sonho! Como eu amo todas as tuas majestades, todas as tuas estrelas, todos os teus ventos, todas as tuas tempestades, todas as tuas formas e forças! Como eu sinto os perfumes que vêm das grandes rosas místicas dos teus maios; os eflúvios vibrantes, cândidos e finos dos teus junhos; o grasnar dos teus abutres e o claro bater das asas dos teus anjos! Como eu aspiro sedento todos esses cheiros salgados do mar dominador, essa vida aromai das folhagens, das selvas reverdecidas com os teus orvalhos revigoradores, com a tua esquiva castidade misteriosa!

Ah! como eu te amo, Noite! Como a tua eloqüência muda me fala, me impressiona e me chama, Aparição seráfica, fabulosa irmã do Caos e das Legendas!

O peito cheio de vibrações ansiosas, a alma em cânticos de amor, os olhos iluminados por esplendores secretos, como é maravilhoso vagar no solene tabernáculo dos teus silêncios, no in pace do teu Sonho!

Como faz bem e tonifica mergulhar profundamente a cabeça nos teus mistérios que deslumbram, adormecer com eles, deixar que a alma se embale neles, vaguear pelo Infinito, tendo todos esses mistérios imaculados como o vasto manto consolador da Piedade e do Descanso!

A tua docilidade e frescura, o teu carinho, os teus afagos, a tua música selvagem, as tuas solenidades augustas, o teu antediluviano encanto bíblico, as monstruosas risadas mefistofélicas dos teus fantasmas tenebrosos são como seres singulares, verdadeiros irmãos da minh'alma.

Mordido de nervosidade aguda, perdido no teu solitário regaço maternal, ó estranha Noite, eu sinto que o cavalo de asas da minha consciência galopa, voa longe, livre, sumindo-se na infinita poeira de ouro dos astros; que os movimentos dos meus braços ficam também livres, para abraçar as Quimeras; que os meus olhos, alegremente felizes, se libertam do carnívoro animal humano, para só fitarem sombras; que a minha boca aspira o Vácuo estrelado, para saciar-se dele, para beber todo o seu luminoso vinho noturno; que os meus pés erram melhor, oscilantes e vagos embora na embriaguez e na cegueira da treva, para melhor se desiludirem de que se arrastam na terra; que as minhas mãos se estendem e se movem largamente, como asas de espontâneo vôo bizarro, para dizerem triunfante adeus por algumas horas às terríveis contingências da Vida!

Perdido nas solidões da tua treva vibram-me as tuas harpas, seduzem-me os teus êxtases, arrebatam-me os teus misticismos.

Com os olhos radiantemente abertos, como se fossem duas curiosas flores de raios celestes, eu noctambulo em silêncio, na concentração de um missionário contemplativo vagando num imenso templo deserto e cheio de sagradas sombras...

Em cima, sobre a cabeça, sinto cantar-me, doce e terna, a fina luz das meigas estrelas, e essa luz arde, chameja melancolicamente como uma alma que aspira...

Dentro de mim uma sensibilidade incomparável vibra e vive como essas estrelas delicadas e meigas.

Todos os quebrantos da noite fascinam-me, enlevam-me e eu me surpreendo arrebatado por uma transfiguração que não sei de onde parte, que não sei de onde vem, mas que me enche a alma como de uma crença maior, como de um revigoramento de marés picantes, como de um largo e belo sopro natal de revivescências juvenis!

E quando levanto acaso religiosamente os meus olhos, no meio da candidez da solidão noturna, para o azulado e magoado estrelejamento do céu e vejo o céu suntuoso e mudo com os seus astros, os meus olhos, felizes e gloriosos por te olharem, Noite, exilam-se cada vez mais na tua mudez, vivem cada vez mais do teu deslumbramento e do teu gozo, inteiramente órfãos de todas as outras perspectivas, como dois príncipes hamléticos exilados para sempre numa sombria, mas inefavelmente amorável região de luto.

Quando um pesadelo sinistro cavalga o meu dorso, me oprime o peito e os rins, tira-me a respiração — pesadelo gerado do Nada que nos envolve a todos — a tua fascinação astral é para mim um alívio supremo, a tua liberdade ampla é para mim larga emanação vital.

As tuas sutilezas me acordam, os teus stradivarius me espiritualizam, os teus preciosos ritmos me afinam...

Ó Noite! inimiga irreconciliável dos que não te sabem engrinaldar com os lírios das suas saudades, encher com os seus soluços, estrelar com as suas lágrimas! Hóstia negra dos Sonhos brancos que eu eternamente comungo! Tu que és misericordiosa e que és boa, que és o Perdão estrelado suspenso sobre as nossas desgraçadas cabeças, tu que és o seio espiritual dos miseráveis seres, embalsama-me com os teus ósculos perfumados, com o eflúvio da infância primitiva dos teus idílios, abençoa-me com o teu Isolamento, cobre-me com os longos mantos de veludo e pedrarias das tuas volúpias, purifica-me com a graça dos teus Sacramentos.

Fantasista do soturno, do galvânico, do lívido; Colorista do shakespeareano e do dantesco; Mater dos meios tons e das meias sombras, das silhouettes e das nuances; trombeta de Josafá, que fazes caminhar todos os espectros, ressuscitar todos os mortos, máscara irônica de todas as chagas; confessionário de todos os pecados; liberdade de todos os cativos: como eu recordo a galeria subterrânea dos teus mórbidos bêbados, dos teus ladrões cavilosos, das tuas lassas meretrizes, dos teus cegos sublimes e formidáveis, dos teus morféticos obumbrados e monstruosos, dos teus mendigos teratológicos, de aspecto feroz e perigoso de tigres e ursos enjaulados, acorrentados na sua miséria, dos teus errantes e desolados Cains sem esperança e sem perdão, toda a negra boêmia cruel e tormentosa, ultra-romântica e ultratrágica, dos vadios, dos doentes, dos degenerados, dos viciosos e dos vencidos!

E a peregrina boêmia dos teus cães uivantes e contemplativos no amoroso espasmo do luar, dos teus gatos sonhadores, exilados e raros estetas felinos deslizando sutis pelos muros, histéricos da lua, os olhos fosforescentes como a luz de estranhos santelmos!

Noite que abres teus circos funambulescos, cheios de palhaços rubicundos, tatuados de mil cores, de acrobatas de formas e movimentos alígeros e elásticos como serpentes; que expões todo o arco-íris inflamado dos teus bazares, a vertigem de zumbir de abelhas dos teus fagulhantes cafés-cantantes, o olho ignívomo e solitário dos faróis no mar alto e toda essa ondulação de aspectos e sonhos fugitivos, essa nebulosa do rumor e da emoção, que é o teu véu de noiva, que é o teu manto real!

Tu apagas a mancha sangrenta da minha vida, fazes adormecer as minhas ânsias, és a boca que sopras a chama do meu desespero, és a escada de astros que me conduzes à minha torre de sonho, és a lâmpada que desces aos carcavões da minh'alma e fazes desencantar, caminhar e falar os meus Segredos...

Tens uma expressão milenária de Epopéias, um curioso e extravagante sentimento druídico, e como que toda melancolia arcaica da Decadência latina.

No fundo velho e pitoresco do teu Oriente, ó Noite, meu caprichoso e exótico Crisântemo; nos longes dos teus grandes e famosos Frescos ondulam em curvas lascivas e donairosas as românticas e visionárias virgens, os pálidos poetas meditativos, os ascetas lívidos que velam à claridade magoada dos círios, os fascinantes e capciosos Fra Diavolos, os galhardos, zumbentes e coruscantes carnavais de Veneza da tua prodigiosa Fantasia e as quermesses louras e cor-de-rosa dos querubins da Infância, que dormem sonhando, lírios de comovida ternura, meigamente seduzidos e embriagados no delicado e casto regaço do mistério dos sexos.

Ó bendita Noite! dá-me a morte na irradiação dos teus raios, para que eu rompa o selo cabalístico dos teus segredos; dá-me a morte na cristalização dos teus astros, nas auréolas das tuas nuvens, no pesado luxo das tuas constelações, no vaporoso de tuas visões de lagos, na solenidade bíblica das tuas montanhas enevoadas, nas cerradas cegueiras apocalípticas das tuas maravilhosas florestas virgens, quando lentas luas langues florescerem nos céus como grandes beijos congelados de brancas noivas gigantes encantadas e mortas...

https://pt.wikisource.org/wiki/A_Noite_(Cruz_e_Sousa,_grafia_de_2008)

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Baleia, um conto de Graciliano Ramos

DOM, 16/09/2012 - 08:34

ATUALIZADO EM 16/09/2012 - 21:50

Por Zuraya

Um conto de Graciliano Ramos – Baleia

Literatura – A Arte do Conto

A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pêlo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas (1) . As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida.

Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na base, cheia de roscas, semelhante a uma cauda de cascavel.

Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com o saca-trapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito.

Sinhá Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta:

— Vão bulir com a Baleia? (2)

Tinham visto o chumbeiro e o polvarinho, os modos de Fabiano afligiam-nos, davam-lhes a suspeita de que Baleia corria perigo.

Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferenciavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras.

Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas Sinhá Vitória levou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou-se por tapar-lhes os ouvidos: prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do segundo. Como os pequenos resistissem, aperreou-se e tratou e subjugá-los, resmungando com energia.

Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia.

Escutou, ouviu o rumor do chumbo que se derramava no cano da arma, as pancadas surdas da vareta na bucha. Suspirou. Coitadinha da Baleia.

Os meninos começaram a gritar e a espernear. E como Sinhá Vitória tinha relaxado os músculos, deixou escapar o mais taludo e soltou uma praga:

— Capeta excomungado.

Na luta que travou para segurar de novo o filho rebelde, zangou-se de verdade. Safadinho. Atirou um cocorote ao crânio enrolado na coberta vermelha e na saia de ramagens.

Pouco a pouco a cólera diminuiu, e Sinhá Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. Bicho nojento, babão. Inconveniência deixar cachorro doido solto em casa. Mas compreendia que estava sendo severa demais, achava difícil Baleia endoidecer e lamentava que o marido não houvesse esperado mais um dia para ver se realmente a execução era indispensável.

Nesse momento Fabiano andava no copiar, batendo castanholas com os dedos. Sinhá Vitória encolheu o pescoço e tentou encostar os ombros às orelhas. Como isso era impossível, levantou os braços e, sem largar o filho, conseguiu ocultar um pedaço da cabeça.

Fabiano percorreu o alpendre, olhando a baraúna e as porteiras, açulando um cão invisível contra animais invisíveis:

— Ecô! ecô!

Em seguida entrou na sala, atravessou o corredor e chegou à janela baixa da cozinha. Examinou o terreiro, viu Baleia coçando-se a esfregar as peladuras no pé de turco, levou a espingarda ao rosto. A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando, até ficar no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto. Como o animal estivesse de frente e não apresentasse bom alvo, adiantou-se mais alguns passos. Ao chegar às catingueiras, modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos traseiros e inutilizou uma perna de Baleia, que se pôs a latir desesperadamente.

Ouvindo o tiro e os latidos, Sinhá Vitória pegou-se à Virgem Maria e os meninos rolaram na cama, chorando alto. Fabiano recolheu-se.

E Baleia fugiu precipitada, rodeou o barreiro, entrou no quintalzinho da esquerda, passou rente aos craveiros e às panelas de losna, meteu-se por um buraco da cerca e ganhou o pátio, correndo em três pés. Dirigiu-se ao copiar, mas temeu encontrar Fabiano e afastou-se para o chiqueiro das cabras. Demorou-se aí um instante, meio desorientada, saiu depois sem destino, aos pulos.

Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou como gente, em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo. Quis recuar e esconder-se debaixo do carro, mas teve medo da roda.

Encaminhou-se aos juazeiros. Sob a raiz de um deles havia uma barroca macia e funda. Gostava de espojar-se ali: cobria-se de poeira, evitava as moscas e os mosquitos, e quando se levantava, tinha folhas secas e gravetos colados às feridas, era um bicho diferente dos outros.

Caiu antes de alcançar essa cova arredada. Tentou erguer-se, endireitou a cabeça e estirou as pernas dianteiras, mas o resto do corpo ficou deitado de banda. Nesta posição torcida, mexeu-se a custo, ralando as patas, cravando as unhas no chão, agarrando-se nos seixos miúdos. Afinal esmoreceu e aquietou-se junto às pedras onde os meninos jogavam cobras mortas.

Uma sede horrível queimava-lhe a garganta. Procurou ver as pernas e não as distinguiu: um nevoeiro impedia-lhe a visão. Pôs-se a latir e desejou morder Fabiano. Realmente não latia: uivava baixinho, e os uivos iam diminuindo, tornavam-se quase imperceptíveis.

Como o sol a encandeasse, conseguiu adiantar-se umas polegadas e escondeu-se numa nesga de sombra que ladeava a pedra.

Olhou-se de novo, aflita. Que lhe estaria acontecendo? O nevoeiro engrossava e aproximava-se.

Sentiu o cheiro bom dos preás que desciam do morro, mas o cheiro vinha fraco e havia nele partículas de outros viventes. Parecia que o morro se tinha distanciado muito. Arregaçou o focinho, aspirou o ar lentamente, com vontade de subir a ladeira e perseguir os preás, que pulavam e corriam em liberdade.

Começou a arquejar penosamente, fingindo ladrar. Passou a língua pelos beiços torrados e não experimentou nenhum prazer. O olfato cada vez mais se embotava: certamente os preás tinham fugido.

Esqueceu-os e de novo lhe veio o desejo de morder Fabiano, que lhe apareceu diante dos olhos meio vidrados, com um objeto esquisito na mão.

Não conhecia o objeto, mas pôs-se a tremer, convencida de que ele encerrava surpresas desagradáveis. Fez um esforço para desviar-se daquilo e encolher o rabo. Cerrou as pálpebras pesadas e julgou que o rabo estava encolhido. Não poderia morder Fabiano: tinha nascido perto dele, numa camarinha, sob a cama de varas, e consumira a existência em submissão, ladrando para juntar o gado quando o vaqueiro batia palmas.

O objeto desconhecido continuava a ameaçá-la. Conteve a respiração, cobriu os dentes, espiou o inimigo por baixo das pestanas ...

https://noticias.bol.uol.com.br/bol-listas/12-palavras-iguais-mas-completamente-diferentes-em-portugal-e-no-brasil.htm
Enviado por J B Pereira em 05/05/2018
Reeditado em 05/05/2018
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