Exemplos de uso dos elementos de coesão 
Ilustração: Figura coesão - Montagem. Reprodução, com alterações
SUMÁRIO
     - Apresentação
     - Transição entre as frases
     - Coesão numa notícia de jornal
     - Coesão num texto dissertativo
     - Referências
     - Mundo virtual
          - Linkoteca
          - 
Videoteca
     - Texto e textualidade

APRESENTAÇÃO

Prof. Corujinha

Nos textos abaixo, vamos examinar elementos de transição e conexão utilizados pelos autores.

Esta lição está associada às seguintes:

       - Conjunções e locuções conjuntivas
     - Coesão e coerência textuais
     - Prontuário de elementos de coesão

 

Vejamos. 
TRANSIÇÃO ENTRE AS FRASES 

Tomemos um exemplo a MORENO & GUEDES (1984): 


As pessoas gostam de escrever*                                                                       
(*) o título não é do original. 

Além dos escritores profissionais, um grande número de pessoas que se dedica a escrever. Algumas escrevem cartas para os jornais. Outras fazem-no para amigos. Há pessoas que escrevem contos e poemas para concursos literários. Outras, no entanto, contentam-se com mostrá-los para seus familiares ou guardá-los na gaveta. Há ainda os autores anônimos, isto é, os que se expressam por escrito nos muros e nas portas e paredes dos banheiros. Finalmente, já em extinção, os entalhadores que gravam mensagens e iniciais no tronco das árvores.                                                                                        
Como se nota das palavras em negrito, o autor transita de uma frase a outra utilizando diversos recursos: 

 
• Verbos: o tempo, modo e pessoa dos verbos (escrever, escrevem, guardar, mostrar);
• Pronomes que retomam textos anteriores (-no; -los);
• Conjunções (no entanto); e
• Expressões de referenciação e sequenciamento (outras, ainda, isto é, finalmente). 

COESÃO NUMA NOTÍCIA DE JORNAL

Vejamos agora palavras, frases e parágrafos que se comunicam e se interrelacionam num texto de jornal: 


São Paulo: Oito pessoas morrem em queda de avião (Das Agências) 

Cinco passageiros de uma mesma família, de Maringá, dois tripulantes e uma mulher que viu o avião cair morreram 

Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e dois tripulantes, além de uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda de um avião (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da cidade de Maringá (PR). O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de São Paulo, por volta das 21h40 de sábado. O impacto (2) ainda atingiu mais três residências. 

Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia reportagem nesta página); o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o copiloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. 

Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). Isidoro Andrade (7) havia alugado o avião (1) Rockwell Aero Commander 691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7) Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um assalto e ser baleado na noite de sexta-feira. 

O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aeroporto de Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá às 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do número 375 da Rua Andaquara, uma espécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora do Sabará, uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda não se conhece as causas do acidente (2). O avião (1) não tinha caixa preta e a torre de controle também não tem informações. O laudo técnico demora no mínimo 60 dias para ser concluído. 

Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de cair em cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia Fiorezzi, de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto Socorro de Santa Cecília. 
Veja-se que os números entre parênteses indicam a utilização de diversos recursos, tais como:  
 
Repetição: o elemento 1 avião foi repetido diversas vezes. 
 
Repetição parcial: o elemento 7 João Izidoro Andrade é retomado como Izidoro Andrade. 
 
Elipse: não foi necessário repetir a palavra avião logo após as palavras piloto e copiloto no texto a seguir: Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições; o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o copiloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38. 
 
• Substituição: a utilização de pronomes: Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6); seus (4) filhos Márcio...; Elas (10) não sofreram ferimentos. 

COESÃO NUM TEXTO DISSERTATIVO 

Vejamos, por final, uma dissertação completa (começo, meio e fim) e a forma como o autor organizou o texto e sequencializou os parágrafos. 
 

Política industrial moderna 
 
O Brasil tem três alternativas em relação a seus parceiros internacionais: ou adota uma posição de fechamento e proteção, ou se abre de maneira indiscriminada ao mesmo tempo que conta com a “boa vontade” dos parceiros do Primeiro Mundo, ou, finalmente, opta pela abertura seletiva com competição. 
 
A política de fechamento e proteção é típica dos estágios iniciais de desenvolvimento. Parte do princípio de que a economia nacional é débil e precisa ser protegida da competição estrangeira. O modelo de substituição de importações, através da qual realizou-se a industrialização brasileira, estava baseado nessa política. O problema é que essa estratégia se esgota necessariamente no tempo. Esgota-se porque logo são substituídos os bens para os quais o mercado interno é suficientemente grande em termos de economias de escala. E esgota-se também porque em breve as empresas protegidas tendem a acomodar-se e não acompanhar o desenvolvimento tecnológico que ocorre no resto do mundo. 

A segunda estratégia é suicida. Superestima ou não considera a efetiva capacidade de competição da indústria local. Por outro lado, ignora o fato elementar que os interesses nacionais do Brasil nem sempre coincidem com os interesses de nossos parceiros. Além disso, é obviamente uma irresponsabilidade depender da boa vontade de quem quer que seja. 
 
A terceira alternativa ― competitividade e abertura seletiva ― é a única compatível com o estágio de desenvolvimento do Brasil e a dimensão do seu mercado. Dada nossa dimensão continental, nossa abertura comercial, embora grande, não pode ser tão grande quanto a de países pequenos. Por outro lado, a abertura deve realizar-se sob a égide do princípio da competitividade. Abrfremos inicialmente nas duas pontas: onde somos bastante competitivos e onde somos muito pouco competitivos. No primeiro caso para vencer a concorrência; no segundo, para sairmos desse mercado e passarmos a importar. Continuaremos relativa e temporariamente fechados nos setores intermediários, onde a competitividade da nossa indústria ainda não está claramente definida. 
 
Em virtude do exposto acima, a política industrial e tecnológica no Brasil tem necessariamente de ser seletiva. E preciso reduzir fortemente o atual nível de proteção, especialmente a proteção não tarifária e estimular os setores que tenham projetos de competitividade internacional. Só assim podemos sair do atoleiro em que nos encontramos, pois é preciso saber com clareza para onde caminhar. 

 
(PEREIRA, Luiz Bresser. IstoE Senhor, 01.11.89) 

O texto acima constitui uma dissertação organizada em cinco parágrafos: o primeiro é a introdução; do segundo ao quarto temos o desenvolvimento; e o último é a conclusão. Na introdução o autor enumera três alternativas, que a seguir são desenvolvidas em três parágrafos. Vejamos os principais elementos de sequencialização e coesão: 
 
• Na introdução, são mencionadas as três alternativas que o autor sugere para a política industrial do país: fechamento e proteção, abertura de maneira indiscriminada e abertura seletiva com competição. Note-se que o título do texto funde-se semanticamente com o parágrafo e complementa o seu sentido. 
 
• Repetição: No 2o. parágrafo, a primeira alternativa é retomada mediante o recurso da repetição: A política de fechamento e proteção... 
 
Marcação sequencial: No 3o. parágrafo vê-se o sequencializador textual : A segunda estratégia... O mesmo ocorre no 4o. parágrafo: A terceira alternativa.  
 
Expressão de retomada geral: Na conclusão, o autor retoma tudo o que foi dito por meio da expressão Em virtude do exposto acima. 
 
Conjunções: alternativa (ou...ou) no 1o. parágrafo; explicativa (ao mesmo tempo) no 1o. parágrafo; causal (porque) no 2o. parágrafo; concessiva (embora) no 4o. parágrafo; causal (pois) 5o. parágrafo. 
 
Pronomes: nessa/essa no 2o. parágrafo retoma/refere a modelo de substituição de importações. 
 
• Outros elementos: por outro lado, além disso (3o. parágrafo); por outro lado, inicialmente, no primeiro caso, no segundo (4o. parágrafo). 

REFERÊNCIAS

MORENO, Cláudio & GUEDES, Paulo C. Curso Básico de Redação. São Paulo : Ed. Ática, 2ª ed., 1984

GIERING, Maria Eduarda [et al.] Análise e Produção de Textos. São Leopoldo, RS : Unisinos, 4a. ed., 1994

http://www.coladaweb.com/redacao/coesao-em-uma-redacao [Site visitado em 26.03.2010] 
 

MUNDO VIRTUAL

Para saber mais, veja também:


     Linkoteca

- REDAÇÃO PARA CONCURSOS - Elementos de coesão - tabelas de conectivos - aqui
- BRASIL ESCOLA/UOL - Coesão - aqui
- PORTUGUÊS.COM.BR - Os conectivos como elementos de coesão – uma análise minuciosa - aqui
     
     - Videoteca

- BLOG DO ENEM - Prof. Kel - Elementos de coesão - aqui
- FicaDicaEnem - Prof. Pâmela - Redação: Elementos de coesão e coerência textual - aqui
- ESTRATGÉGIA CONCURSOS - Prof. Décio - Elementos de coesão - aqui 

TEXTO E TEXTUALIDADE
 
 
Os critérios de textualidade estabelecem quais são as regras que devem ser cumpridas para considerar que um conjunto de orações constitui um texto. Esses critérios são a aceitabilidade, a coesão, a coerência, a informatividade, a intencionalidade, a intertextualidade e a situacionalidade. Ou seja, se várias orações ou parágrafos se encontrarem num mesmo contexto e obedecerem a estes critérios, o conteúdo pode ser considerado um texto. Caso contrário, não passa de meras palavras ou frases isoladas que carecem de sentido enquanto unidade.
(https://conceito.de/criterio)

Veja também:

ACGuima
Enviado por ACGuima em 02/12/2020
Reeditado em 04/12/2020
Código do texto: T7125762
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