13- Os Pronomes Interrogativos e a "Frase" Interrogativa Indirecta

1- Vimos que os Pronomes INTERROGATIVOS introduzem uma pergunta:

– ONDE foste? Encontraste a tua prima? Ela falou-te da surpresa que

prepara para os teus tios? QUE foi que ela te disse? – perguntou a

minha Mãe.

– Não falou sobre isso... – disse eu. – Só combinámos que no próximo

sábado e domingo, vamos todos à praia...

– Todos...? Todos, QUEM? – perguntou a minha Mãe, no seu tom

amigável de sempre.

– Ora, Mamã, ela, os primos, e eu!

– E tu, disseste logo que sim, estou mesmo a ver! Nem pensaste em

pedir licença...

– Ora, Mamã, eu já sei que tu não te opões...

– E o teu Pai? Já falaste com o teu Pai?

– QUE é que tem o Pai? Eu já sei *O QUE ele me vai dizer! Que tenha

cuidado, que tenha juízo, “com o mar não se brinca”... Eu já sei isso

tudo!

– Espero bem que sim... Quero confiar que sim! – concluiu a minha

Mãe. – Mas tens que falar ao teu Pai!

Ora bem:

Podemos classificar o pequeno texto acima como um DIÁLOGO.

No capítulo 13.2, falámos sobre o DIÁLOGO, e dissemos que as FALAS das PERSONAGENS são transcritas através do DISCURSO DIRECTO.

Vimos que o DISCURSO DIRECTO é introduzido pelo sinal gráfico – (travessão).

Este sinal, o – (travessão), FUNCNIONA como um aviso aos Leitores:

Quando uma pessoa está a ler, e vê este sinal, fica logo prevenida:

O Leitor sabe que vai ler exactamente o que disse a Personagem.

Se estiver a ler em voz alta – por exemplo, na sala de aula –, o Leitor sabe que tem que alterar o seu tom de voz, de modo a “sentir” e “produzir nos ouvintes” o impacto daquilo que a personagem está a dizer!

Se o Leitor estiver a ler solitariamente, só para si, isto é, se o Leitor estiver a ler mentalmente, mesmo assim, ele imagina o tom de voz e o modo de falar da personagem!

2- Agora vamos imaginar que queremos transformar o ‘diálogo’ acima, numa ‘narrativa’.

Como deveremos fazer?

Temos que transformar o texto. Assim, cá vamos nós:

Esta tarde, quando voltei da escola, a minha Mãe perguntou *ONDE

eu tinha ido. Perguntou se eu tinha encontrado a minha prima, e se

ela me tinha falado da surpresa que prepara para os meus tios;

perguntou *O QUE foi que ela me tinha dito.

Bem, eu disse que ela não tinha falado sobre surpresa nenhuma. Eu

disse que nós só combinámos que no próximo sábado e domingo

iríamos todos à praia.

A minha Mãe ficou receosa e embora no seu tom amigável de

sempre, perguntou *QUEM iria...

Tive que esclarecer que seríamos os primos e eu!

Claro, a minha Mãe ficou contrariada pois percebeu que eu tinha

combinado tudo sem os consultar, a ela e ao meu Pai...

Mas eu disse que já previa que ela não se iria opor.

A minha Mãe insistiu que eu devia prevenir o meu Pai... Mas eu já

sabia *O QUE ele me iria dizer! ...que é preciso cuidado, que “com

o mar não se brinca”... Tudo coisas que eu já sei!

A minha Mãe concluiu que ela espera que eu esteja consciente

desses cuidados, mas que tenho que falar com o meu Pai...

Que CONCLUSÕES poderemos tirar da transformação que fizemos?

CONCLUSÃO 1:

Primeiro que tudo, utilizámos uma pequeníssima “INTRODUÇÃO”:

Esta tarde, quando voltei a da escola, a minha Mãe ... ...

CONCLUSÃO 2:

Relatámos fielmente as falas das duas personagens, mas evitando a monotonia. Assim, usámos o artifício de INICIAR O RELATO DE CADA INTERVENÇÃO, acrescentando alguns verbos:

VERBOS QUE TIVEMOS QUE INTRODUZIR:

- perguntar (a minha Mãe PERGUNTOU)

- dizer (eu DISSE)

- ficar (FICOU receosa)

- ESCLARECER

- ficar (FICOU contrariada)

- perceber (PERCEBEU)

- combinar (eu TINHA COMBINADO tudo)

- prever (PREVIA)

- insistir (INSISTIU)

- ir (ele me VAI dizer)

- concluir (CONCLUIU)

- esperar (ESPERA)

- estar (ESTEJA consciente)

- ter (TENHO que falar com)

Quais os PRONOMES INTERROGATIVOS que utilizámos?

Assinalámos os Pronomes INTERROGATIVOS com as maiúsculas:

No DIÁLOGO:

As perguntas são introduzidas por:

ONDE

QUEM

O QUÊ

Na transformação em NARRATIVA, os mesmos pronomes são anunciados pelo *(asterisco):

Vemos que na NARRATIVA, não usamos o Ponto de Interrogação (?):

pois estamos a empregar o DISCURSO INDIRECTO; usamos apenas o “ponto final”.

CONCLUSÃO 3:

Dizemos que as expressões assinaladas

No DIÁLOGO:

Eu já sei *O QUE ele me vai dizer!

E na transformação em NARRATIVA:

*ONDE eu tinha ido.

*O QUE foi que ela me tinha dito

*QUEM iria

*O QUE ele ma vai dizer

são expressões INTERROGATIVAS INDIRECTAS

e

ficámos a saber que estas não levam o ? (ponto de interrogação),

mas apenas o ‘ponto final’ .

Myriam

Junho de 2021

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 28/06/2021
Reeditado em 22/05/2022
Código do texto: T7288845
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