18.1 - Ainda os verbos TRANSITIVOS e o COMPLEMENTO DIRECTO – continuação

Este capítulo de hoje foi difícil de elaborar, pois os temas surgiam encadeados uns nos outros... Foi preciso calma e persistência, e muito espírito de auto-crítica, para conseguir elaborar um texto claro, simples, e simultaneamente conciso. Espero ter conseguido!

Então, conforme mandam as regras, começamos o capítulo de hoje por recordar o que já temos dito sobre os VERBOS:

I Parte:

1= Em primeiro lugar, dissemos que os VERBOS são palavras cujas FORMAS VARIAM muito:

= variam conforme a pessoa que fala, ou seja, conforme o EMISSOR (Eu - Tu - Ele-Ela / Nós - Vós ou Vocês - Eles-Elas)

=variam conforme o tempo cronológico (Presente - Passado - ou - Futuro)

=variam conforme a intenção do falante, ou emissor (Modo Indicativo; Modo Conjuntivo; Modo Condicional; Modo Imperativo; Modo Infinitivo).

2= Em segundo lugar, registámos que há diferentes categorias - ou CLASSES - de verbos:

= os verbos de SIGNIFICAÇÃO INDEFINIDA cujo sentido (ou significado) é completado por uma palavra ou expressão que designamos como NOME PREDICATIVO do SUJEITO:

Os verbos SER, ESTAR, FICAR, PERMANECER, CONTINUAR - que precisam de uma “ajuda” para terem um sentido completo:

Essa “ajuda”, em geral, é um ADJECTIVO, ou seja, uma palavra que exprime uma QUALIDADE (1).

3= E os verbos TRANSITIVOS, que exprimem uma ACÇÃO, e que por isso têm o seu COMPLEMENTO DIRECTO:

No último capítulo, demos alguns exemplos que nos permitem compreender do que falamos, quando mencionamos os VERBOS TRANSITIVOS:

Os quatro primeiros exemplos eram muito simples, para facilitar a abordagem e compreensão deste assunto.

Eram exemplos de frases muito lineares, para adquirirmos a “técnica” que nos permite analisar gramaticalmente uma frase:

Exemplo: Li várias obras de António Lobo Antunes.

Raciocínio: “li”... o quê?

“várias obras de António Lobo Antunes” - COMPLEMENTO DIRECTO

II PARTE:

= Agora, vou complicar só um bocadinho:

Vou enunciar duas frases, para se ver bem a diferença:

António Lobo Antunes é um grande escritor português. Já li várias obras dele.

E agora, como devemos proceder?

Procedemos com MÉTODO, para nunca nos enganarmos:

Primeiro que tudo:

Observamos quantos “pontos finais”:

Temos 2 “pontos finais”: isso quer dizer que temos 2 frases.

Depois, observamos QUANTOS e QUAIS os verbos em cada frase:

Na primeira frase: o verbo SER

Na segunda frase: o verbo TER.

Depois, observamos QUEM FALA - ou - DE QUEM se fala

Então, na frase 1:

Afirma-se que António Lobo Antunes É ......

Automaticamente, já sabemos: É - vem acompanhado de uma expressão explicativa: “um grande escritor português”:

cá está o ADJECTIVO - GRANDE.

Mas o ADJECTIVO vem acompanhado: Obviamente! Temos que dizer mais coisas! Assim, UM GRANDE ESCRITOR PORTUGUÊS - nesta frase - é o Nome Predicativo do Sujeito!

Na frase seguinte, dizemos:

- Já li vários livros dele.

Então:

Quantos e Quais são os Verbos nesta frase?

É só 1: é o verbo LER, na forma LI

Raciocínio: Li (do verbo LER) - exprime uma ACÇÃO:

Li... o quê?

...vários livros dele - é o COMPLEMENTO DIRECTO.

Outro exemplo:

Esta noite, fiz um jantar muito bom! Preparei um dos meus pratos preferidos! Fiz bacalhau com natas!

Então, vamos observar sempre o mesmo método:

vamos raciocinando por etapas:

1º: Quantos pontos finais temos?

- Temos 3:

Então, temos 3 frases.

2º: Quantos verbos há em cada frase?

- Na 1ª frase: só a forma FIZ (verbo FAZER)

- Na 2ª frase: só a forma PREPAREI (verbo PREPARAR)

- Na 3ª frase: Só a forma FIZ (novamente, o verbo FAZER)

Raciocínio:

Perguntamos:

São verbos de Significação Indefinida - ou - são verbos que exprimem ACÇÃO?

Resposta:

Exprimem ACÇÂO:

Raciocínio seguinte: vamos identificar qual foi a ACÇÃO:

Na 1ª frase:

Esta noite, fiz um jantar muito bom!

Raciocínio:

Fiz ...O QUÊ?

..... um jantar muito bom! - COMPLEMENTO DIRECTO

Na 2ª frase:

Preparei um dos meus pratos preferidos!

Raciocínio:

Preparei ...O QUÊ?

..... um dos meus pratos preferidos! - COMPLEMENTO DIRECTO

Na 3ª frase:

Fiz bacalhau com natas!

Raciocínio:

Fiz... O QUÊ?

.... bacalhau com natas. - COMPLEMENTO DIRECTO

III Parte:

No capítulo de hoje, a I e a II Partes foram sobre Gramática.

Agora, vamos aplicar estes conhecimentos de Gramática à nossa Teoria Literária:

No capítulo anterior, dissemos que com as frases com os verbos SER, FICAR, etc, já mencionados, os tais de SIGNIFICAÇÃO INDEFINIDA, fazemos as DESCRIÇÕES:

Uma bonita DESCRIÇÃO depende do ESPÍRITO de OBSERVAÇÃO de quem escreve, sabendo SUGERIR ao leitor as CARACTERÍSTICAS - de uma paisagem, ou de uma personagem, ou de uma cidade... etc

No capítulo de hoje, ao estudarmos os verbos que exprimem ACÇÕES, compreendemos que falamos dos elementos das NARRATIVAS:

Um CONTO, um ROMANCE, ou uma NOVELA (uma narrativa mais longa que um conto e menos detalhada que um romance) são NARRATIVAS.

Claro que há muito mais a dizer sobre as NARRATIVAS. Mas ainda só estamos a começar...

Finalmente, é preciso salientar que...

...Analisar uma frase: é um exercício escolar.

Ao lermos um livro, não nos pomos a analisar frases! Analisamos a Arte, a Técnica das narrativas, ou o desenvolvimento de um poema.

Mas enquanto estudantes, precisamos de saber o que estamos a fazer:

Lembro-me que já uma vez dissemos aqui:

Para estudar uma matéria, temos que começar pelo princípio: é como estudar um instrumento musical:

Primeiro, é preciso identificar os sons.

Depois, temos que saber corresponder os sons e as notas musicais tanto no canto como no instrumento.

Depois, é preciso exercitar os dedos...

E assim por diante!

Por outras palavras: um “matemático” não começa logo pelas grandes abstracções! Começa na escola elementar, depois segue a escola primária, e vai prosseguindo nos seus estudos. Claro que se o aluno for um génio, galga etapas num abrir e fechar de olhos!

Mas os génios quase não precisam de professores!

Nós, as pessoas normais, é que precisamos...

***

Finalmente, e para amenizar, deixo aqui a receita do BACALHAU COM NATAS, uma receita muito apreciada em Portugal:

Bacalhau com natas

Foi assim que aprendi com uma Amiga minha:

Ingredientes:

Batatas – em palitos grossos

Bacalhau – às lascas

Natas – 1 copo (2,5 dl)

Cebola – picada

Azeite

Ovos: -gemas: 2

- claras: 4, ou mesmo 6 – batidas em castelo

Molho branco

Pão ralado, ou queijo ralado

Sal

Primeiramente:

O bacalhau é um peixe que antigamente só se consumia seco em salmoura.

Então, tinha que ser demolhado:

Num alguidar com água, dispunham-se as postas do bacalhau a demolhar: com a pele sempre para o lado de cima, para facilitar a dessalinização.

Ficava assim, dentro de água, da noite para a manhã seguinte. Sendo possível, mudava-se a água pelo menos uma vez.

Actualmente, já se vende o bacalhau fresco.

Preparação:

-Fritam-se as batatas, em palitos grossos

-Em azeite, põe-se o bacalhau às lascas a refogar com cebola picada.

-Faz-se molho branco, que deve ser grosso, e pouco; só para molhar as batatas e o

bacalhau. (Doutro modo, fica líquido no fundo.)

-Mistura-se as batatas fritas e o bacalhau, no molho branco.

-Dispõe-se este preparado num pyrex – que não deve ser untado.

-Cobre-se com este molho:

2 gemas, batidas

1 copo de natas, batidas

Sal

4 claras, ou mesmo 6, em castelo

-Vai ao forno num pyrex (sem ser untado), e cobre-se de pão ralado, ou queijo

ralado. E deixa-se gratinar.

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NOTA:

(1) Insisto neste ponto, pois os jovens alunos costumam confundir-se. Lembro-me que quando eu era criança, esta matéria era muito confusa. Então, tenho insistido e tento ser o mais clara e detalhada possível.

Myriam

Outubro de 2021

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 17/10/2021
Reeditado em 22/05/2022
Código do texto: T7365857
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