O ofício de escrever

Sou professor particular de Língua Portuguesa e o que mais ouço das pessoas é sobre a dificuldade de transformar em texto escrito o que já está devidamente organizado na mente.

A velocidade do pensamento é superior à rapidez com que viaja a luz. Pelo pensamento é possível ir até a Lua e retornar num simples piscar de olhos, o que já não ocorre com o deslizar da pena no papel ou o dedilhar na telinha ou no teclado.

Acontece que tudo depende do repertório do escrevente (ou escrevinhador, a depender da região do Brasil). Quanto mais se lê, mais se escreve e o texto flui naturalmente quando o guarda-roupas de palavras oferece maiores possibilidades. Vou explicar melhor.

Toda pessoa tem um guarda-roupas com a vestimenta mais adequada para cada ocasião. Se vou à praia, ao teatro ou a um casamento terei o traje adequado para cada circunstância. E eu tenho a impressão de que os nossos queridos magistrados da Suprema Corte estarão sempre togados mesmo na praia, dado o seu linguajar peculiar. Data vênia.

Brincadeiras à parte com os nossos queridos ministros, percebo certas camadas que parecem não se sobrepor na sociedade. É só observar os diversos falares: o juridiquês, o economês, o gramatiquês, e assim por diante.

Tenho muitas referências no meu modo de escrever e aqui homenageio vários mestras e mestres que direta ou indiretamente têm me inspirado em minha jornada literária: ms. Vlademir Yrigoyen, ms. Claudemir Costa Barbosa, dra. Valéria Monteiro, dra. Simone Goh, dr. Cláudio Moreno e dr. Marcos Bagno, além do conhecidíssimo Professor Pasquale Cipro Neto. Fico por aqui, porque a lista é longa.

Muitas pessoas me procuram para que eu as prepare para concursos ou provas específicas e anseiam que as dificuldades acumuladas em anos de progressão continuada sejam sanadas em uma hora de aula particular. A má notícia é que não existe fórmula mágica, macete ou pulo do gato.

Tratei rapidamente da progressão continuada e cabe uma explanação. A estratégia objetivava evitar que as pessoas se evadissem do ensino fundamental e médio em razão da retenção que existia antes da progressão continuada, ou seja, quem não conseguia média não passava de ano. Deu certo, em parte. Hoje temos muitas pessoas com diploma universitário, mas com graves deficiências para elaborar um texto ou mesmo compreender escritos mais complexos.

Não tenho soluções definitivas para problemas tão graves, mas afirmo com plena convicção: ler e escrever todo dia com paixão; fazer palavras cruzadas; assistir e participar de programas de perguntas e respostas inteligentes e desafiadoras; reler e reescrever e se possível utilizar a fórmula maravilhosa do mestre Graciliano Ramos em seu belíssimo texto “As lavadeiras de Alagoas” auxiliam bastante nessa busca pela escrita clara e concisa.

Durante a pandemia que ceifou milhares de vidas pelo mundo afora, recebi o incentivo definitivo de minha esposa/companheira/amiga/musa Elide Nascimento e comecei a gravar vídeos de Língua Portuguesa. Tenho mais de 300 teleaulas gratuitas gravadas no YouTube e ficarei muito honrado com sua visita em minha página: https://www.youtube.com/c/FernandoBispodaSilva

#bispoeta