Libertado

Ao José Pansica (1923-1997)

Era a última semana de agosto

E a madrugada beijava-o no quarto.

O Anjo da morte e o Anjo do parto

Brigavam p’ra ocupar o mesmo posto.

Não era derrame e não era infarto,

Nem a velhice esculpida no rosto.

Era um câncer, que se fez de encosto

Na medula óssea, subido do sacro.

A família triste em pranto e desgosto

Assistira o parto vencer a morte:

Pois morrer é renascer doutro lado!

E o homem que nos fora tão disposto,

Deu adeus a Terra com vivas da sorte:

Do corpo podre se viu libertado...

Gigio Jr (Poemas da Meia Idade)

GigioJr
Enviado por GigioJr em 06/08/2008
Reeditado em 01/05/2009
Código do texto: T1115864
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