Dia da Poesia - Homenagem a Pablo Neruda

De noite, amada, amarra teu coração ao meu

e que eles no sonho derrotem

as trevas como um duplo tambor

combatendo no bosque

contra o espesso muro das folhas molhadas.

Noturna travessia, brasa negra do sonho.

Interceptando o fio das uvas terrestres

com pontualidade de um trem descabelado

que sombra e pedras frias sem cessar arrastasse.

Por isso, amor, amarra-me ao movimento puro,

à tenacidade que em teu peito bate.

Com as asas de um cisne submergido,

para que as perguntas estreladas do céu

responda nosso sonho com uma só chave,

com uma só porta fechada pela sombra.

Pablo Neruda

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 14/03/2006
Código do texto: T122856