Homenagem

Chove lá fora, o tempo parece ser o espelho da minha alma; tem altos e baixos como eu e chora, chora muito, como eu choro neste momento.

Às vezes olho-o e pergunto-lhe porque ninguém nos entende, nem a ele nem a mim. Mas, gostava de ser como ele, de ter múltiplas facetas, já que agora, só tenho uma de tristeza que ninguém reconhece e ninguém acaricia.

Talvez tu, meu avô, me percebas e faças cintilar a luz que te ilumina para me dizer que estás comigo e sempre estarás. Não posso escolher o meu destino, nem mesmo a forma como o vivo, estou simplesmente à mercê de um sofrimento que não divido com ninguém. Ouço música, quando o silêncio me quer falar; vejo-me no silêncio quando quero escutar algo mas... sobrevivo, afinal, Valente sempre foi o apelido da nossa família e a alcunha também.

Quando dormias naquela caixa horrenda, coberta por uma rede resplandecente, beijei a tua testa como quem abençoa um bebé antes de ele ir dormir; por isso, onde quer que estejas que Deus te embale na plenitude do céu e te acaricie eternamente, porque, mesmo como seres errantes que somos, merecemos o carinho e o amor eternos!

artescrita
Enviado por artescrita em 03/04/2006
Código do texto: T132976