Lugar de mulher é em todo lugar

Houve um tempo em que a mulher era amaldiçoada pelos estreitos princípios burgueses vigentes e assim não podia usar sua indomável inteligência e força. Estava na prisão daquela época, antes da emancipação das mulheres. Sentimental e virtuosa só lhe restava sofrer e chorar.

Embora predominasse a tirania masculina, o princípio do séculos passado foi também pródigo em mudanças radicais. E no olho do furacão das idéias libertárias destacou-se Isadora Ducan, dançarina e revolucionária, que, de origem miserável, prevaleceu no mundo das artes e da política pelo seu talento e pelas posições firmes e contestadoras assumidas.

Antipuritana, afirmadora de eros, libertária, radical em tudo, ela era um autêntico espírito livre, uma das mais corajosas contestadoras do miserabilismo em todas as suas formas. De origem norte-americana revoltou-se contra o extremo conservadorismo no seu país; adotou o socialismo, foi ensinar crianças russas a arte da dança; decepcionou-se com o burocratismo pós-revolucionário soviético; voltou à terra natal, mas em nenhum momento voltou atrás em suas idéias ou retrocedeu em suas convicções.

Isadora Ducan foi mulher exemplar e ajudou a forjar uma nova consciência feminina que, de lá para cá, expandiu-se por todo o planeta e que hoje é senso comum entre qualquer mulher de qualquer continente ou ilha e ninguém mais contesta o fato de que a mulher deve ocupar seu espaço na sociedade.

Neste quase um século de contestação e conscientização já se pode dizer, com certeza, que o lugar da mulher é em todo lugar.