Carta ao Eterno Romântico

Querido poeta, Tomás Cavalcanti,

Volto agora a esta terra, de forma pura e sincera, na intenção de homenagear. Finalmente veio à tona todo verso bem guardado em minha alma de poeta, que sempre muito discreta, teimava em se reservar. Passados mais de quinze anos maturando a poesia, modelando a inspiração, nascida através de um velho amigo que na minha juventude ajudou-me a enxergar a beleza que há nos versos, com suas doces palavras e com o seu jeito manso, de escrever e de falar. Ensinando-me a amar as palavras, as rimas, me poetizando a alma, me tomando como musa dos seus devaneios sinceros, tão belos, de emocionar.

É com saudade e nostalgia que venho mostrar um pouco daquilo que tenho feito ou tenho tentado fazer. Aproveito Tomás, para também agradecer, por todo o seu incentivo e pelo carinho amigo que tanto me dedicou. Plagiando suas palavras, ao tentar traduzir a essência da sublimidade e dos devaneios de poeta em meus versos ainda infantis. Não ingênuos, mas, imaturos no que diz respeito à arte de fazer poesia com a devida maestria. Coisa que compete a tantos que admiro, sendo um deles você.

Poesias e Poesias, Nostalgia e Retalhos da vida, foram livros de cabeceira em todos esses anos de amadurecimento poético. E o que dizer então de Poemas para Carolina I e II? Como sugeriu no preâmbulo do primeiro, guardei aqueles poemas deixando que o tempo amarelasse suas folhas, tornando-os assim perenes. Folhas que ainda folheio, sempre e quando anseio por minha infância querida, e pelas tardes gostosas em sua varanda, perguntando e perguntando. Quando tudo eu queria saber. Naquele tempo em que o mundo me parecia pequeno diante daquele terraço. Queria entrar em seus versos, lembro-me como fosse hoje, da vontade que eu tinha de poder fazer igual. De tão bonito que era, assim como a primavera, eu sempre quis imitar, a sua arte e o seu jeito, tão calmo de ver a vida. Assim, me tornei o que sou e, você, com certeza faz parte, dessa formação de caráter e poeta incorrigível que me tornei. Seu gosto de escrevinhar me contagiou de forma a me fazer desejar escrever todos os dias, e também a ver a vida em forma de poesia, como se durante o dia tudo rimasse perfeito, direito, como que feito pela mão de um poeta. Mas, confesso meu amigo, que só agora, há bem pouco tempo atrás, eu quis revelar ao mundo, palavras que tinha guardadas, a sete chaves ou mais. Escrevia mas não gostava, não mostrava. Nunca! Jamais! Achava que era bobagem, que aquilo não tinha roupagem para se mostrar a ninguém. Foi quando tomei coragem, tirei o carro da garagem e resolvi viajar, pela estrada da autocrítica e não mais me censurar. Ora, mas se todos diziam que meus versos eram bons, porque escondê-los então? Também não achava direito não mostrá-los a você, justo àquele que mais força me deu quando ao invés de brincar de boneca queria mesmo é ser poeta. Sei que ainda há muito para aprender, o que quero fazer, não tenha dúvidas. Porém, não me preocupo com embalagens e nem com a forma que meus versos têm. Não tenciono entrar para a Academia, me basta com deitar o lápis no papel e colocar lá o que sinto, de forma lacônica e fiel. E se minha despretensiosa elucubração não atende às normas rígidas e a todas as regras poéticas, isto muito não me preocupa. Diria em nada me aborrece. Peço então, desde já, que considere este meu desinteresse em fazer versos perfeitos, se por acaso encontrar por estas linhas afora, algo que não rime direito.

No mais espero que goste das letrinhas que tenho posto, admito, com muito gosto, nas folhas soltas da vida.

Um abraço com carinho da primeira Musa inspiradora, eterna admiradora de seu versejar.

TCarolina
Enviado por TCarolina em 25/05/2006
Código do texto: T162611