Nunca te falei, João

Nunca te falei, meu irmão,

Do amor que tinha por ti,

Da importância de teus olhos escuros

E a vitalidade de teu coração.

Nunca te falei, meu irmão,

Da emoção que senti ao saber,

Que choraste ao me decidir

Ultrapassar as portas seguras

Do tão conhecido e amado lar.

Nunca te falei, meu irmão

Como era bom observar

Teu sorriso franco e aberto,

Tua visão que tinhas de mim.

Nunca te falei, meu irmão,

Que, em criança na velha casa,

Ficava a espreita esperando

Teus jovens passos na escada.

Nunca te falei, meu irmão,

Que tinha confiança em ti,

Que não podia imaginar

Uma vida sem a tua presença.

Nunca te falei, meu irmão,

Da alegria que me levavas,

Ao entrar em minha casa sorrindo,

Contando as ultimas piadas.

Nunca te falei, meu irmão,

Daqueles meses de dor,

Da agonia que me dominava,

Quando o sol anunciava a vida.

Nunca te falei, meu irmão,

Como doía aquele silêncio

E de minha admiração,

Diante da aceitação,

Diante da prova final.

Nunca te falei, meu irmão,

Que um dia cheguei a indagar

De Deus porque me arrancava

Uma amizade tão fraterna.

Nunca te falei meu irmão,

Das lágrimas escondidas,

Do aperto no coração,

Da força que inventava,

Sabendo que teria que continuar

Sem meu irmão tão querido.

Nunca te falei, meu irmão

Da saudade que me machucava,

Do vazio que deixavas

Em minha alma, escondido.

Nunca enfim te falei

Que tenho total esperança

De encontrar-te um dia

Para meu coração acalmar.

Cristina Arraes
Enviado por Cristina Arraes em 10/09/2009
Reeditado em 10/09/2009
Código do texto: T1802351
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