DIA DOS VIVOS

Sou um tanto avessa ao calendário, a essas manifestações comerciais de eventos. Não me dei muito bem no estudo da disciplina História justo porque meus professores exigiam decorar datas.

Todo dia é dia, de aniversário, batizado, casamento. E todo dia também há sempre as poções que morrem.

Esses que chamamos mortos estão vivos, em carne e ossos. Estão vivos em nós, nas nossas células, nos irrecorríveis e inquestionáveis registros do nosso mapa genético. Confiram nos livros e com os estudiosos da Biologia.

Não peço e nem quero flores quando essa biologia que há em mim for para o pó da terra. A Bíblia é clara e contundente: “Tu és pó, e em pó te hás de tornar”.

Estou aqui desde os meus antepassados e também na minha fertilidade, em meus filhos, netos e outros que ainda virão. A minha marca se perpetuará também no que escrevo. A escrita nos irmana, cria uma família e um pertencimento tão importante quanto o biológico.

Gosto de velas. É linda e romântica a luz das velas. Entretanto não vejo porque acender velas pensando no Dia de Finados.

Finado quer dizer que teve fim, acabou, não existe mais. Não há lógica nisto. Somos os nossos junto com as determinações e a Sabedoria de quem nos criou. De quem em sua potência nos gerou.

Os cemitérios são lindos e necessários, mas é em nós que habita cada ser em sua completude e mistério. O que a terra abriga só Ele sabe qual a serventia. E tudo é belo.

Escrevendo presto minha homenagem aos que sentem saudades de sua matéria ida, de momentos vividos. Que todos sintam a imensa alegria do abraço, do beijo e de ouvir a voz de seus/nossos amados.