Fernando Pessoa e Eu – 3º homenagem

Pessoa que me perdoe

mas também cometo meus versos.

Atrevo-me a escrever

na primeira pessoa

de minha pobre singularidade.

Estou sempre a encasquetar-me

volta e meia

com a ausência de profundidade

de meus “eus” sempre tão iguais.

Não me calha a verve

de Alberto Caieiros, a guardar rebanhos.

não chego a odiar

as odes

de Ricardo Reis.

Não encampo

o talento de Álvaro de Campos.

Temos uma coisa em comum,

de resto tão comum a todos os mortais.

Eu, assim como ele

também não sei o que o amanhã trará.

"Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,

Quanto mais personalidades eu tiver,

Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,

Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,

Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,

Estiver, sentir, viver, for,

Mais possuirei a existência total do universo,

Mais completo serei pelo espaço inteiro fora."