Photobucket 

Recomeçar  

 

Recomeça...
Se puderes,
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
do futuro,
Dá-os em liberdade
Enquanto não alcances,
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

 

Miguel Torga

 

"Devo à paisagem as poucas alegrias que tive no mundo. Os homens só me deram tristezas. Ou eu nunca os entendi, ou eles nunca se entenderam. (...) A terra, com os seus vestidos e as suas pregas, essa foi sempre generosa. (...) Vivo a natureza integrado nela, de tal modo que chego a sentir-me, em certas ocasiões, pedra, orvalho, flor ou nevoeiro. Nenhum outro espectáculo me dá semelhante plenitude e cria no meu espírito um sentido tão acabado do perfeito e do eterno."

Miguel Torga: Diário II (1943)

 

Devo  a uma amiga   ter lido esse texto ontem e  em resposta  a essa amiga  debulhei um pouco de mim...

Interessante... Miguel como Avelino, nasceram lá para lá dos montes, vieram para o Brasil os dois, por motivos ? O mesmo, melhorar a vida, vencer. Miguel voltou , Avelino não voltou, mas regressou a filha e netos. Quem ,sabe os bisnetos também mais dia menos dia...
O mais maravilhoso a estampa , parecem velhos conhecidos meus, um porque tem meu sangue, o outro porque tem as letras , mas os dois de bem juntinho, tem semelhanças fisionômicas.
Até o Avelino em Sabrosa ia as festas( contava-me os detalhes da sua infância e juventude, tanto que no meu regresso, achei facinho sua  cidade, casa e nossa família) e provavelmente o Miguel nas das Pedras Salgadas ia futucar. Um nasceu em 12 de agosto 1907  em
São Martinho de Anta, Vila Real   e o outro 20 de junho de 1910 nas Pedras Salgadas ,em Vilarinho de São Bento. Em 1929 um volta para começar os estudos em Coimbra e o outro vem para a terra brasilis povoar de filhos e trabalhar tentando enriquecer, mas apenas viveu.
Por isso o futuro está muito próximo da ficção, das dúvidas e das razões, da escolha e perseverança.
Tomar decisões não é fácil, mas quem disse que viver é fácil?

Miguel nos deixa em 17 de janeiro de 1995 em Coimbra e Avelino em 12  de junho de 1999 no Rio de Janeiro.
Um abraço e somos todos marinheiros, a vida é um mar e há barcos à deriva.

 

Sei que ao escrever essas linhas  , por uns serei  piegas, por outro, saudosista. Para uns  , maioria, convencida por falar em Miguel Torga como as letras que nos unem, mas é realmente, Letras  de alguém que escrevia  para hoje  eu as ler. Como disse essa mesma amiga. Quem escreve foge de si  para   mostrar um algo mais para outro. E nem foi dela o pensar que enviou. É de Fernando Pessoa. E dessa amiga, que traz o nome de minha  avó paterna, Ana, recebi e sorvi  as palavras  de encantamento que  levaram-me ao berço de Avelino , meu pai,que Deus usou para com minha mãe Deolinda  permitir que eu visse a luz do sol e dos olhos  que me cercam ou os olhos  que lêem o que escrevo.

Mais uma vez sou grata a Deus,

 de onde vim, por onde passei e pelas passadas que dei, dou e darei.

Os abraços que dei, os que sonhei dar e receber.

Espero a caminho do sonho maior,

fincar raízes na terra  sem nunca esquecer o céu.

Pois não quero metade de nada.

Quero tão somente o que de direito é meu.

Meu cesto cheio de sonhos,

 pedrinhas que conto dia após dia 

e  o prazer  de  as ver sob meus pés

 e  nem calos  me fazem.

Sou feliz!

Denise Figueiredo

FOTO

Usei foto de

 DIÁRIO DE VIAGEM DO JORNALISTA NUNO FERREIRA (EX-EXPRESSO, EX-PÚBLICO

Que percorre Portuagal  a pé.

Foto a linha do tua.