Inspiração - Poema de uma mulher li(n)da

esse menino oceânico habita o casario dos versos;

por hora a melodia consola o aroma de pêssego

"e o sabor da pele, nestes dias perto das grandes

chuvas, uma cadeira, uma vassoura e um casaco

o poeta habita uma instalação cenográfica, a terra

da água das cerejas verdes e um Deus sempre

atrasado na dor, na morte, no engano de uma

igreja para outro, uma igreja tem sentido

quando é uma boca, a minha porta senta-te

como o magro mar da tua língua no seu coração

salgado, aqueço-te, as mãos da alma certa na

alegria súbita de não haver mais oceano vem

não chora, não chove, não dança a nostalgia

a casa espera-te, a porta é ampla, eu estou

já à janela dos teus seios, a luz branca, da

casa branca, onde meu braço saindo do

teu coração já tem a mão vermelha na face

lisa do sol. não quero mais abandono no planalto

umbigo do mundo, a serra dos números, os

números não enganam, os números foram inventados

para nos enganar, Deus é o único, número três, gosto

dos teus poemas, leio a mulher lida, linda. choro."

"o inspirador"