NOEL ROSA E A CARTILHA DA JUJU

NA CARTILHA DA JUJU

Noel Rosa e Oscar Niemeyer são contemporâneos, nasceram nos primeiros anos do século XX. Niemeyer poderia constar no dicionário como sinônimo de arquitetura. Noel estudou medicina, mas logo sua paixão pela música passou a guiar sua vida, que foi intensa e bem curta, nem sequer completou 27 anos. Já o nosso Niemeyer completou 103 anos, no mesmo dezembro em que comemoramos o centenário de Noel.

Há algumas coincidências e uma diferença gritante, quanto à morte prematura de um e a longevidade de outro. Porém, este texto não se destina a exaltar a grandeza de Niemeyer, que realmente merece e tem recebido todas as glórias e sucesso que um homem pode receber por seu trabalho.

O protagonista dessas linhas foi criado em Vila Isabel. Preferi a palavra protagonista a herói, porque este adjetivo não seria o mais adequado para o nosso Noel. Mas como compreender o fato de que alguém que viveu apenas 26 anos, pudesse ser lembrado 100 anos depois de seu nascimento?

Não era belo, mas classificaria sua fisionomia como peculiar e inconfundível. Sua conduta não poderia ser classificada como exemplar, passava as noites nas rodas de samba e bebidas e cabarés, e, além disso, embora tuberculoso, fumava compulsivamente.

Contudo, não podemos legar a genialidade, a irreverência e o talento daquele sambista carioca, que marcou a história da música brasileira. Como é bom ler e ouvir o “A E I O U, Dabliú, dabliú na cartilha da Juju, Juju”, sair “pulando como sapo” e depois de refletir se “vou mudar minha conduta”, e chegar a conclusão de o que no lado lúdico da vida o mais importante é saber “com que roupa eu vou, pro samba que você me convidou”? Viva Noel!

Paulo de La Mancha
Enviado por Paulo de La Mancha em 18/12/2010
Reeditado em 18/12/2010
Código do texto: T2679525
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