À VOVÓ LUIZA, COM CARINHO!

(Mulher virtuosa, quem a achará? O teu valor muito excede o de finos rubis. Provérbios 31:10)

Foi nos idos de 1917 que ela veio. Há controvérsias, ela teima que nasceu dois anos antes.

Mas, pelo sim e pelo não, celebramos nesse mês de junho seus 95 anos, até agora muito bem vividos.

Vovó Luiza é assim, a mistura perfeita de força e candura.

Muito cedo perdeu a mãe, aprendendo, ainda na primeira infância, a difícil lição de conviver com o luto. A vida nunca lhe foi fácil.

Depois disso, viveu aos cuidados de tanta gente diferente, sofreu maus tratos, correu de onça, pegou água em riachos distantes... até que se casou, muito nova ainda, com meu avô, a quem nunca conheci.

Viveram uma das mais belas histórias de amor que conheço e ainda brilham os olhos da vovó quando fala do vovô João.

Teve com ele sete filhos. Estava esperando o caçula, quando meu avô morreu em seus braços, vítima de um enfarte fulminante. Batizou o filho com o nome do homem que tanto amou. E todos dizem que o tio João, a quem eu tanto amo, lembra muito o jeito sereno do pai.

Durante um bom tempo, trabalhou diuturnamente na velha máquina de costura movida a manivela, para alimentar seus filhos. Resistiu firmemente às pessoas que queriam suas crianças.

Com o tempo, vovó casou-se novamente com o homem que, na verdade, eu conheci como avô. E foi mesmo meu avô querido. Tiveram três filhas, totalizando em dez uma prole, que ela, até hoje, defende como leoa.

Leoa!!! É uma boa definição para esta nordestina forte. Ela teve que ser suficientemente brava pra criar seus filhos com honra e dignidade, e conseguiu isso com louvor! Como ela diz com orgulho, não criou nenhum ladrão, ninguém se perdeu.

Ela hoje vê, com alegria sua descendência prosperar: filhos, netos, bisnetos, e até tataranetos, genros, noras... E ela sabe os nomes de todos, não confunde, não mistura. Que cabecinha santa!!! Que rostinho lindo e remoçado pelo amor. Não há quem não tire uns vinte anos de sua idade.

Hoje, é a doce matriarca da família, uma coluna, esteio e alicerce. Sua casinha simples está sempre limpinha e quem chega encontra abrigo e aconchego. Não raro, há novidade: uma geladeira nova, um jogo bordado bem colorido sobre a mesa, um arranjo de flores artificiais. Tem também a gatinha Maroca, de quem cuida com esmero.

Vovó Luiza ama presentear, e é comum ganharmos lembrancinhas dela. O último presente que ela me deu foi um cachecol que ela mesma fez. Fiquei emocionada... é uma das peças que mais gosto, tem um valor imensurável .

Querida vovó Luiza, a senhora é um exemplo, não só pra mim, mas para toda a família. Te amamos muito, te admiramos e somos abençoados pelo teu testemunho.