SALÃO AZUL

Para Enéas

A sua passagem evoca lembranças de uma convivência alegre e bondade sem limite, expressas na atitude incondicional de a todos servir em qualquer circunstância.

Seu jeito de viver alheio às regras e convenções já prenunciava, de certa forma, os valores da contracultura que marcaria o hippeismo dos anos de 1960.

Tropicalista, sem que o soubesse, sua vida era uma explosão de cores, onde o azul predominante cedia lugar ao rubro-negro, em tempos de futebol, vicejando sempre a policromia das festas de largos e eternos carnavais.

Salão azul era uma alcunha cuja razão nem mesmo sei. Mas certamente o azul reflete aquilo que há de melhor no coração do homem.

Do infinito que ele sempre fitava com um olhar misterioso e um quase sorriso irônico, ele agora nos irradia suas luzes, cores, alegrias e seus mistérios.

Afinal ele está na morada de Deus, mas não deixa de estar entre nós.

Em 12-10-1990