Monteiro Lobato. O Herói Civil da Literatura.

Na data de 18 de abril deste ano, comemora-se mais um aniversário de nascimento do escritor, tradutor e editor José Bento Monteiro Lobato.

Para este simples escriba, também um Lobato, profundo conhecedor da história de vida do homenageado em questão, escrever a seu respeito torna-se gratificante e motivo de muito orgulho.

A página negra em que se registra os momentos obscuros vivenciados por ele nos aspectos político, comercial e social não chegou a manchar o profícuo e maravilhoso trabalho literário, inteiramente voltado para crianças, jovens e adultos. É assim que sua imagem está fixada no coração e na memória dos brasileiros.

A importância dada por Monteiro Lobato à literatura era notória. Em sua carta dirigida a 30 de agosto de 1909 ao amigo Godofredo Rangel, declarou: “O que mais aprecio num estilo é a propriedade exata de cada palavra.”

Numa outra correspondência ainda enviada a Godofredo Rangel, com data de 7 de maio de 1926, Lobato enfatizou: “Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar.”

Alguns escritores renomados dispensavam a Monteiro Lobato grande respeito e admiração, conforme transcrevo abaixo, à guisa de ilustração:

Oswald de Andrade;

A Lobato deve muito o Brasil. Em primeiro lugar o magnífico e raro do intelectual que não se vende e não se aluga, não se coloca a serviço dos poderosos ou dos sabidos. Depois, foi ele um homem de ação e um descobridor.

Devem -se a ele a campanha do livro e a campanha do petróleo.

Foi ele o criador da nossa literatura infantil.

Orígenes Lessa;

Lobato nunca fez literatura por literatura.

Poucos escritores botaram tanta intenção, tanto sofrimento, tanta preocupação, tão sério amor, nos seus livros e nos seus artigos, como o fez ele, em sua literatura combativa e tantas vezes combatida.

Érico Veríssimo;

Não vejo razão para não continuar considerando Monteiro Lobato como uma das muitas lendas maravilhosas inventadas por ele próprio. A lenda dum homem dinâmico num país apático, de um homem vivo num povo cuja maior parte está semimorta porque tem sido abandonada, porque vegeta subalimentada, sem escolas, sem hospitais, sem nada; dum homem de espírito a bradar revoltado em meio da mediocridade ou da indiferença.

Anísio Teixeira;

Monteiro Lobato pertencia a essa rara família de profetas e poetas, que condensam, de súbito, para um momento e um povo, a sua própria essência espiritual.

Carlos Drummond de Andrade;

A lição maior de Lobato é a sua própria e tumultuosa riqueza humana.

Creio mesmo que dentro de vinte anos ele estará incluído nos manuais de história e cultuado na memória do povo, como uma espécie de herói civil da literatura.

Diante dos fatos, constata-se que a polêmica e notável presença de Monteiro Lobato está perpetuada no celeiro dos maiores escritores brasileiros.

Lembrando-me de sua célebre frase; “Um país se constrói com homens e livros,”declino, abaixo, a minha reverência a esse monstro sagrado da literatura nacional :

“Monteiro Lobato mostrou-me sempre a brilhante inteligência de saber discernir os episódios políticos e pessoais de sua vasta capacidade de escrever os competentes textos literários.” É realmente um exemplo a ser seguido pelos membros de sua grande e briosa família, como procura fazer este escritor.

- Publicado em 2008.

Demarcy de Freitas Lobato (Em memória)
Enviado por Demarcy de Freitas Lobato (Em memória) em 17/04/2013
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