UM ANJO LOIRO...

(in memorian)

Rodrigo era um garoto loirinho que morria de ciúmes de sua mãe. O bêbê da minha irmã que demonstrava verdadeira aversão pelos estudos mas, de uns tempos para cá, todos diziam que ele estava melhorando, haja vista passara a se interessar mais pelos livros.

Estava em plena adolescência...Namorava, andava vaidoso, gostava de dançar, cantar, enfim...Mas era tão preguiçoso e maçante, que até para raciocinar na feitura das tarefas escolares ele mais parecia o bicho-preguiça. Por isso, sempre era chamado a atenção, pela mãe, e muitas vezes até ficava de castigo, por desobediência, mera teimosa.

Um sobrinho-afilhado com dezesseis anos, e que já media 1,80m de altura, acredita? É verdade! Era mesmo um belo rapaz...

Lembro que quando nos encontrávamos, eu sempre lhe perguntava: "Tudo bem, meu amor? Por acaso você está tomando chá de coqueiro, é?" Ele, por sua vez, somente sorria e dizia..."Abença tia"! Ah, que saudades de sua voz já meio-rouca, já com som de voz de homem...

A última vez que abracei meu sobrinho, foi no “Dia das Mães”, poucos dias antes da sua viagem...Sua última viagem!

Lembro que ele estava com um cordão pendurado no pescoço com um pingente que me chamou a atenção, e mesmo sem recordar os detalhes, com precisão, lembro que era uma daquelas bijouterias confeccionada pelos hippies, mais precisamente, uma pequena cruz de madeira.

O tempo passou tão depressa. Ele cresceu tão rápido. Como num piscar de olhos!

A irmã dele se chama Alice e é minha afilhada mas, desde pequeno, ele havia me tomado como sua madrinha também. Encrencava com ela porque dizia que eu era a madrinha dele, e não dela! O engraçado é que quando lembro que sou madrinha dela, esse fato me vem à memória e então descubro que também sou sua madrinha, por escolha e vontade dele!

E as coisas boas acontecem – não na mesma proporção das ruins, graças a Deus - mas acontecem, e só passam quando nos deparamos com as surpresas ruins, como naquela terça-feira à tarde, do dia 17 de maio de 2005...

Rodrigo foi abordado por marginais que lhe tiraram a vida. Apenas um tiro. Num único segundo, e ele se foi deixando-nos à mercê de tantas saudades...

Uma perda irrecuperável. Uma dor indefinida. Um sofrimento sem limites!

Um dia, espero em Deus, nos reencontrarmos na luz. Enquanto isso permaneço por aqui, orando e pedindo a Deus que te cuide.

Adeus meu sobrinho, meu afilhado querido!

Dorme em paz meu anjo, tia-madrinha te ama!

Laura Limeira

Recife/PE/Brasil,

Iniciada em: 17.06.2005 - 02:35H

Concluída em: 29.01.2014 às 09:17H