AMÁCIO MAZZAROPI... UM BRASILEIRO DECENTE E INOVADOR...

O CAIPIRA.... MAIS CONHECIDO NO BRASIL...

Quando era bem menino pela primeira vez que fui a um cinema assistir um filme em preto e branco e que era de um Caipira... achei que não valeria a pena afinal como caipira que sou me sentiria discriminado ali no filme... mostrando os meus erros de linguagem e talvez lamente hoje de não ter dado a atenção merecida a obra prima que tantos conhecem e homenageiam , principalmente ao ensinar nos cursos de teatro, de cinema e de roteiristas de cinema...

Nada mais nada menos de Amacio Mazzaropi, um ator brasileiro que fez história por longos anos no cinema brasileiro... primeiro os filmes pela produtora Vera Cruz e mais tarde por outras empresas cinematográficas e mais tarde por sua própria produtora... e dos quais esta demonstrado a sua genialidade de 23 roteiros escritos para o cinema, mas que ele pessoalmente produziu e participou de 13 de seus filmes que fizeram tal sucesso que durante os anos que se exibiram seus filmes que foram sucessos estupendos desbancando nos cinemas de S. Paulo e Rio de Janeiro, filme como Spartacus , com Kirk Douglas, ou Bem Hur , com Charlton Heston... cerca de 200 milhões de espectadors participaram como clientes de assistir seus filmes ainda em preto e branco e mais tarde em cores... e sorriram e curtiram muitos filmes maravilhosos ...

Filho de Bernardo Mazzaroppi, imigrante italiano e Clara Ferreira, portuguesa, com apenas dois anos de idade sua família muda-se para Taubaté, no interior de São Paulo. O pequeno Amácio passa longas temporadas no município vizinho de Tremembé, na casa do avô materno, o português João José Ferreira, exímio tocador de viola e dançarino de cana verde. Seu avô também era animador das festas do bairro onde morava, às quais levava seus netos que, já desde cedo, entram em contato com a vida cultural do caipira, que tanto inspirou Mazzaropi.

Em 1919, sua família volta à capital e Mazzaropi ingressa no curso primário do Colégio Amadeu Amaral, no bairro do Belém. Bom aluno, era reconhecido por sua facilidade em decorar poesias e declamá-las, tornando-se o centro das atenções nas festas escolares.

Em 1922 morre o avô paterno e a família muda-se novamente para Taubaté, onde abrem um pequeno bar.

Mazzaropi continua a interpretar tipos nas atividades escolares e começa a frequentar o mundo circense.

Preocupados com o envolvimento do filho com o circo, os pais mandam Amácio aos cuidados do tio Domenico Mazzaroppi em Curitiba, onde trabalha na loja de tecidos da família.

Já com quatorze anos, em 1926, regressa à capital paulista ainda com o sonho de participar em espetáculos de circo e, finalmente, entra na caravana do Circo La Paz.

Nos intervalos do número do faquir, Mazzaropi conta anedotas e causos, ganhando uma pequena gratificação.

Sem poder se manter sozinho, em 1929 Mazzaropi volta a Taubaté com os pais, onde começa a trabalhar como tecelão, mas não consegue se manter longe dos palcos e atua numa escola do bairro.

O teatro, o rádio e a televisão

Com a Revolução Constitucionalista de 1932 segue-se uma grande agitação cultural e Mazzaropi estreia em sua primeira peça de teatro, chamada A herança do Padre João. Já em 1935, consegue convencer seus pais a seguir turnê com sua companhia e a atuarem como atores. Até 1945, a Trupe Mazzoropi percorre muitos municípios do interior de São Paulo, mas não há dinheiro para melhorar a estrutura da companhia.

Com a morte da avó materna, Dona Maria Pita Ferreira, Mazzaropi recebe uma herança suficiente para comprar um telhado de zinco para seu pavilhão, podendo assim estrear na capital, com atuações elogiadas por jornais paulistanos. Depois, parte com a companhia em turnê pelo Vale do Paraíba. A grave situação de saúde de seu pai complica a situação financeira da companhia de teatro e, em 8 de novembro de 1944, morre Bernardo Mazzaroppi....

Dias após a morte de seu pai, estreia no Teatro Oberdan ao lado de Nino Nello, sendo ator e diretor da peça Filho de sapateiro, sapateiro deve ser, acolhida com entusiasmo pelo público...

Em 1946, convidado por Dermival Costa Lima da Rádio Tupi, estreia o programa dominical Rancho Alegre, encenado ao vivo no auditório da emissora no bairro do Sumaré e dirigido por Cassiano Gabus Mendes. Em 1950, este mesmo programa estreou na TV Tupi, mas agora contava com a coadjuvação dos atores João Restiffe e Geny Prado. Mazzaropi tinha um hobby, gostava de cantar valsa, MPB e seresta com os seus amigos...

O cinema nacional e Mazzaropi...

Convidado por Abílio Pereira de Almeida e Franco Zampari, Mazzaropi estreia seu primeiro filme, intitulado Sai da Frente, em 1952, rodado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, onde produziria mais dois filmes. Com as dificuldades financeiras da Vera Cruz, Mazzaropi faz, até 1958, mais cinco filmes por diversas produtoras...

Naquele mesmo ano, vende sua casa e cria a PAM Filmes (Produções Amácio Mazzaropi) e passa não só a produzir, mas distribuir os filmes em todo o Brasil. O primeiro filme da nova produtora é Chofer de Praça...

Em 1959 é convidado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, mais conhecido como Boni, na época da TV Excelsior de São Paulo, a fazer um programa de variedades que fica no ar até 1962. Neste mesmo ano começa a produzir um de seus filmes mais famosos, Jeca Tatu, que estréia nos cinemas no ano seguinte...

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Em 1961, Mazzaropi adquire uma fazenda onde inicia a construção de seu primeiro estúdio de gravação, que produziria seu primeiro filme em cores, Tristeza do Jeca, que foi também o primeiro filme veiculado na televisão pela Excelsior, ganhando os prêmios de melhor ator coadjuvante, Genésio Arruda, e melhor canção...

Cinco anos mais tarde, lança o filme O Corintiano, recorde de bilheteria do cinema nacional. Em 1972 é recebido pelo então presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici, ao qual pede mais apoio ao cinema brasileiro. Em 1973, produz Portugal, minha saudade, com cenas gravadas no Brasil e em Portugal...

No ano seguinte, começa a construir em Taubaté um grande estúdio cinematográfico, uma oficina de cenografia e um hotel para os atores e técnicos. A partir de então produz e distribui mais cinco filmes até 1979...

Seu 33º filme, Maria Tomba Homem, nunca seria terminado. Depois de 26 dias internado, Mazzaropi morre, vítima de um câncer na medula óssea aos 69 anos de idade no hospital Albert Einstein de São Paulo. É enterrado na cidade de Pindamonhangaba, no mesmo cemitério onde seu pai já repousava. Nunca se casou, mas, segundo declarações de seu filho André Mazzaropi, nutriu durante a vida um amor "platônico" pela apresentadora e amiga Hebe Camargo; deixou um filho adotivo, Péricles Mazzaropi.

Em 1994 é inaugurado o Museu Mazzaropi, localizado na mesma propriedade dos antigos estúdios, recolhendo a história da carreira de um dos mais consagrados nomes do cinema, do teatro e da televisão brasileiros. Foi somente na década de 1990 que a cultura brasileira começou a ver de uma outra óptica a obra de Mazzaropi, que durante sua vida sempre foi duramente atacado (ou ignorado) pela crítica e pela intelectualidade.

Filmografia...

Lista organizada segundo o ano de produção:-

1. 1952 - Sai da frente

2. 1952 - Nadando em dinheiro

3. 1953 - Candinho

4. 1955 - A carrocinha

5. 1956 - Fuzileiro do Amor

6. 1956 - O Gato de Madame

7. 1957 - O Noivo da Girafa

8. 1958 - Chico Fumaça

9. 1958 - Chofer de Praça

10. 1959 - Jeca Tatu

11. 1960 - As Aventuras de Pedro Malazartes

12. 1960 - Zé do Periquito

13. 1961 - Tristeza do Jeca

14. 1962 - O Vendedor de Linguiça

15. 1963 - Casinha Pequenina

16. 1964 - O Lamparina

17. 1964 - Meu Japão Brasileiro

18. 1965 - O Puritano da Rua Augusta

19. 1966 - O Corintiano

20. 1967 - O Jeca e a Freira

21. 1969 - No Paraíso das Solteironas

22. 1969 - Uma pistola para Djeca

23. 1970 - Betão Ronca Ferro

24. 1972 - O Grande Xerife

25. 1973 - Um Caipira em Bariloche

26. 1973 - Portugal... Minha Saudade

27. 1974 - O Jeca Macumbeiro

28. 1975 - Jeca contra o Capeta

29. 1977 - Jecão, um Fofoqueiro no Céu

30. 1978 - O Jeca e seu filho preto

31. 1979 - A Banda das Velhas Virgens

32. 1980 - O Jeca e a Égua Milagrosa

33. –––– - Maria Tomba Homem (projeto não iniciado)

A partir de Chofer de Praça, em 1958, além de ser o protagonista, Mazzaropi também acumula as funções de produtor e roteirista, colaborando frequentemente com os diretores. Recentemente, foi lançada em DVD uma coleção de 22 de seus filmes em sete volumes. Alguns dos filmes tinham no título o nome "Jeca" mesmo ele tendo interpretado esse personagem apenas no filme Jeca Tatu.

Homenagens

Desde a década de 80 a cidade de São Paulo possui equipamentos culturais com filosofia descentralizada com o objetivo de formar profissionais da arte e da cultura (ou reforçar a sua formação). A Oficina Cultural que homenageia Amácio Mazzaropi foi criada em agosto de 1990 e está instalada num edifício centenário (1912), construído especialmente para abrigar a segunda mais antiga escola normal de São Paulo, a Escola Padre Anchieta.

O Condephaat tombou o prédio em 1988. Trata-se de um centro fomentador da cultura brasileira, responsável em trabalhar o resgate da cultura popular e o intercâmbio entre artistas com atividades nas diversas expressões artísticas.

O objetivo é integrar artistas amadores e profissionais, formar públicos e ampliar sua atuação para bairros próximos do centro da cidade, como Brás, Pari, Belém e Moóca.

Outra homenagem significativa é o filme longa-metragem Tapete Vermelho. É a história de um caipira (vivido por Matheus Nachtergaele) que resolve mostrar ao filho quem era Mazzaropi.

No caminho até o cinema que exibe um filme do comediante, pai e filho se envolvem com violeiros que venderam a alma ao diabo, com mandingas, com o Movimento dos Sem-Terra, com vigaristas que lhes roubam a mula, com caminhoneiros e até com um milagre em Aparecida.

Experiências que vão render a ambos uma grande lição sobre direitos humanos.

A homenagem não para no argumento do filme (que tem direção de Luiz Alberto Pereira): o ator Matheus Nachtergale compõe um tipo com o mesmo andar e a mesma voz do ídolo.

No Carnaval de 2013 a Escola de Samba paulistana Acadêmicos do Tucuruvi prestou uma homenagem a Mazzaropi pelo centenário de seu nascimento em 2012, apresentando o enredo "Mazzaropi: o adorável caipira. 100 anos de alegria"

NOTA DO AUTOR - Amigos que gostam de cinema, podem ter a certeza que se tiverem a oportunidade de assistir e apreciar um bom filme brasileiro não se acanhe de pedir em qualquer locadora os filmes acima descritos , tanto em preto e branco ou a cores, com certeza não vai se arrepender em apreciar um bom ator, que naturalmente faz o papel de caipira com seu próprio linguajar próprio do bom caipira... do que tenho muito orgulho de valorizar as nossas raízes... pois eu nasci no sítio em Martinópolis e assim até os 14 anos vivi como lavrador, e assim me considero um caipira, que aprendeu a falar melhor sem os erros de linguagem muito comum para as pessoas que não tiveram escola mas foram interessados em aprende a ler e escrever... e me orgulho de ter lido muitos livros e ter aprendido a me expressar na língua mais dífcil do mundo.. a língua portuguesa... mas que com nosso orgulho de que tanto quanto um bom brasileiro aprendi a nossa linguagem de forma que consigo me comunicar...