Não são poucas as homenagens póstumas que já realizei.
 
Elas nascem de uma tristeza natural quando observo almas partindo.
Entre outras coisas, o fato me estimula a refletir sobre a efemeridade e sugere a lição de tentar melhor aproveitar a jornada.
 
Dessa vez quero destacar a morte de Marisa Letícia.
Após conferir alguns comentários levianos e nada piedosos, peço licença para desabafar um instante.
 
Formaram a onda de ódio contra o PT e tudo relacionado aos petistas, estendendo o rancor irracional que atinge também quem, por exemplo, diz não concordar com o impeachment.
A simples opinião contrária consegue alimentar ataques mesquinhos e revelar o espírito doentio dominando muitos indivíduos.
 
Agir assim ressalta uma espécie de lavagem cerebral.
 
Tiraram a presidenta eleita, colocaram pessoas que jamais objetivarão concretizar um país favorecendo os excluídos.
Essa é a grande diferença que incomodou e fomentou afastarem Dilma, porém permanece inapagável a indecência do ato infame.
 
Os passos que estamos enfrentando realçam perdas bem profundas e dificultam esperar surgirem belas cores. Logo as regiões pobres, sempre esquecidas até Lula governar, voltarão a motivar notícias denunciando o enorme abandono.
Salários paralisados, corrupção arrastando maus políticos, o usurpador chefiando ações imorais, um terrível projeto ameaçando a população.
 
Era isso que vocês queriam?
Por que nós, os supostos culpados, precisamos silenciar?
 
Nunca recuarei calando o que penso.
Ocorreu um golpe, sim! Se alguém contesta a afirmação, talvez escolha negar que a democracia sucumbiu, preferindo fantasiar o incontestável.
 
* Anoto o falecimento da ex-primeira-dama, tão digna quanto qualquer cidadão, agora livre dos massacres verbais, encarando o Tribunal maior a que todos comparecerão um dia.
Lá a verdade virá à tona e não poderemos mais condenar, apontar os dedos, pois nossos ciscos, gigantescas traves, evidenciarão a pequenez guiando mentes irreflexivas.
 
Peço meu recado solidário atenuar a dor a qual os entes queridos de Dona Marisa experimentam, bebendo o amargo cálice que não adota ideologias, ferindo compreensivos e intolerantes.
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 03/02/2017
Reeditado em 04/02/2017
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