Pessoas são como cubos de Erno Rubik...

No ano de 1974 um professor húngaro de arquitetura chamado Erno Rubik procurava durante suas aulas algo que pudesse dar uma experiência emocionante na transmissão de informação aos seus alunos, algo que possibilitasse uma reflexão não mística da absorção de conhecimento. Erno Rubik sem saber estava prestes a descobrir simbolicamente as engrenagens do ser humano. Ele resolveu criar o que hoje conhecemos de cubo mágico, o brinquedo mais complexo e mais cheio de nuances de todo o mundo.

Temos uma visão anatômica e outra caótica sobre o ser humano.

Quando olhamos para o interior do ser humano vemos alguns mecanismos perpendiculares de espessa grandeza e não obtemos respostas, da mesma forma quando olhamos para um cubo de Erno Rubik todo embaralhado no primeiro momento não temos a resposta de como soluciona-lo, mas com o tempo vamos entendendo a essência, vamos digerindo certos movimentos estereotipados como síndrome de Tourette, a tendência é ir desatando os nós, amarrando os fios soltos e compreendendo como somos feitos, como pensamos, como agimos, fazemos um caminho de descoberta ao longo da vida. Podemos encontrar dentro de nós mesmos vários contrastes: problemas desconcertantes, inteligência monumental, simplicidade e complexidade, estabilidade e dinamismo, ordem e caos.

O ser humano sente suas peças se moverem, sente todo o turbilhão dentro de si, se sente confuso por vezes, não se entende, olha para dentro e não vê respostas claras mesmo tudo estando colorido a nossa volta, parece tudo tão nublado, tudo tão obnubilado, o homem é pressurizado a tal ponto em que perde os sentidos e age na impulsividade por não encontrar caminhos, não obter saídas, nem mesmo dentro do seu coração.

Coração esse que funciona como a máquina de Rube Goldberg, para tomar uma simples decisão precisa de uma complicada reação em cadeia, um efeito cascata, o homem precisa ser empurrado, forçado, controlado, policiado, fiscalizado e “inspirado” a tomar certas decisões e sentir as consequências infinitamente impensadas depois, talvez sejamos cubos mágicos, usados de joguete por emoções e situações. Em muitos casos vamos na contramão do que dizia Benjamin Disraeli, que o homem não é cria das circunstâncias, as circunstâncias é que devem ser cria do homem, mas o coração não funciona assim, simplesmente somos escravos do que sentidos.

Talvez o grande mal do homem seja além de sua complexidade natural, consabida e concebida, seja sentir demais. As pessoas sentem demais, são arquitetadas pelo que sentem, sentem dor, sentem raiva, sentem desprezo, sentem carinho e dependendo da emoção são movidas a certo caminho. Em O mágico de Oz de Lyman Frank Baum, existe o homem de lata e o que ele mais deseja é ter um coração e poder sentir de novo as emoções, no livro tem um comentário que eu amo muito que diz o seguinte “Acho que você está errado em querer um coração. Isso só faz a maioria das pessoas infelizes. Se você ao menos soubesse o quanto tem sorte de não ter um coração”.

Tanto em um cubo de Erno Rubik quanto dentro de um ser humano você vai encontrar a liberdade de ser escravo da busca incessante por respostas do que sente...

Eden Mendes
Enviado por Eden Mendes em 25/10/2018
Reeditado em 26/10/2018
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