Enfim, Psicólogo

Lembro de 5 anos atrás, em Janeiro de 2014, no último dia de inscrição para o ProUni. Minha nota estava 1 ponto acima da nota de corte, o mais sensato seria escolher outra faculdade, na qual era certeza que minha nota dava naquele momento. Porém algo me disse (provavelmente o Espirito Santo) para manter minha inscrição da Unicsul, no final... a nota não aumentou, entrei para o curso de Psicologia e vejo... quanto coisa mudou!

Em 5 anos.. passei de alguém com grades dificuldades de interação social e estabelecimento de vínculos, em alguém com muitos amigos. Passei de alguém com muita insegurança em relação a vida, a alguém que acredita no próprio potencial. E devo muito do que sou hoje, as pessoas que conheci, amigos, colegas, professores. Pois na graduação eu não me formei apenas como psicólogo, eu não aprendi apenas uma simples profissão, eu também me formei como ser humano...

Na minha formação aprendi “que sempre precisamos do outro” (C. 2014), e eu tive muitos “outros” nesse período. Amigos que me ajudaram em momentos de crise, pessoas com quem não troquei apenas conteúdos acadêmicos, mas também sorrisos, lágrimas, abraços, tristezas e alegrias. Pessoas que me ensinaram algo que não entendia na minha adolescência, me ensinaram que a vida deve ser compartilhada, e isso me ensinou o valor da nossa profissão e o significado do que esse professor tão amado nos ensinou: “Nós Psicólogos somos o “outro” dos nossos pacientes!” ( frase minha - cada um interprete da forma que quiser, esta´em aberto). Isso até me lembra uma frase do final do livro/filme, Na Natureza selvagem:

“A felicidade só é real quando é compartilhada”

Na minha formação aprendi a compreender que cada dor, cada sentimento é singular e único (pleonasmo). Aquilo que pode parecer algo besta para nós, pode ser extremamente significativo para o outro, aquilo que para nós não machuca, pode ser dilacerante para outra pessoa, e aquilo que no nosso dia é tão banal, para outro pode ser uma conquista, um momento de extrema alegria. Precisamos ser empático, não só na nossa profissão. mas na vida! Algo que Carl Rogers nos lembrou tão bem:

"Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele".

E aprendi que cabe a nós acolher, ouvir e estar junto ao paciente, a outro ser humano, em cada um desses momentos, quando ele precisa (meu lado psicólogo +At falando). Afinal, uma professora me ensinou: “Se o paciente não pode sofrer e chorar na terapia que é seu espaço de cuidado, aonde mais ele pode?” (R., 2018). Jung definiu isso muito bem na clássica frase (todo mundo usa):

"Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana."

No meio de tantos aprendizados que a prática, os professores, meus colegas e tantos outros me deram. Também lembro de todas as minhas crenças (TCC?) e medos que foram vencidos nesses 5 anos. Eu acreditava que não podia ter amigos, eu acreditava que era a pior pessoa do mundo, que não conseguiria acompanhar a turma por causa dos problemas que me impediram de me dedicar aos estudos na adolescência... e hoje, sinto orgulho de perceber que nenhuma dessas coisas são verdades, pelo contrário.

Acho que o único sentimento que tenho, que nem diria uma grande amiga da sala agora da vida, é o de gratidão (Melanie Klein aí). Sou grato por tudo que aprendi com meus professores; sou grato por todos os amigos que fiz ou reencontrei nesses 5 anos; sou grato a minha família que sempre me deu apoio em todos os momentos; a Deus, no qual voltei a ter um relacionamento verdadeiro nesses últimos dois anos (jesus my best friend forever and ever), um dos grandes motivos de eu estar tão bem hoje; e por último aos meus Psicólogos que me ajudaram tanto e me deram tanto apoio pra minha vida.

Grato a todos por me aguentarem todo esse tempo, pois sei que isso não é fácil.

Ao final terminaram... esses 5 longos anos, mas que nem os oods do meu seriado favorito (Doctor Who) disseram na despedida do Ten:

"Essa canção está terminando... mas a história.... não termina”.

PS: Gratidão eterna pela Biblioteca da Unicsul, melhor coisa e lugar daquela faculdade!

Renan Souza