ESTE UNIVERSO DAS PALAVRAS

O mundo das palavras escritas sempre foi o meu oxigénio e o meu alimento - cada um é para aquilo que nasce!

Embora a minha memória seja um desastre, guardo fugazes momentos das aventuras fascinantes sob os comandos de inumeráveis autores, a maioria se desvaneceram no tempo, mas mesmo assim guardo comigo alguns como Salgari, Bradbury, Dumas, Lovecraft, L'amour, Verne...

Só mais tarde surgiram os poetas, para me ajudarem a preencher, embora sem nunca me sentir completo - jamais alguém poderá dizer que atingiu a plenitude.

Na minha ingenuidade, sempre tivera os autores como pessoas imaculadas, semi-deuses ao nível dos maiores valores da vida - nunca é tarde para perceber que são, tão somente, seres humanos.

Um dia alguém me perguntou se a minha escrita era de intervenção e, se assim fosse, deveria evitar contrariar os valores daqueles que estão instalados no poder, se queria ter alguma hipótese de atingir notoriedade literária.

Mas eu não sei viver de asas cortadas e todos nascemos para nos sentirmos livres, mesmo que não o consigamos ser. A meia verdade, acaba por ser a pior das mentiras, tal como o falso amigo se revela o pior dos inimigos.

A partir de um dado momento parei para reflectir a minha forma de encarar a escrita: Ou ficção pura ou poesia genuína - e a poesia genuína

inclui obrigatoriamente os valores que regem a nossa sociedade, doa a quem doer, por mais que me condenem, existem valores que embaraçam a nossa sociedade mas, primeiro que nada, me envergonham a mim.

Seguindo esta perspectiva, não esperem de mim muitos mais textos de amores e desamores ou de ilusões e desilusões - Urge bater nas teclas da hipocrisia dos interesses instalados e que se dane a notoriedade literária.

Comecei a escrever no site do Recanto das Letras em 2006 e nestes anos todos muito aprendi e estou grato a diversos autores - alguns deles, infelizmente, já partiram desta viagem da vida. Com o muito ou com o pouco, aprendi convosco. Recebi boas e más palavras e, aqui ou ali, também me portei menos bem - ando a moldar o ego, que é o calcanhar de Aquiles de todos nós.

Nestes anos todos mudei, estou diferente, sou diferente, escrevo diferente - espero que para melhor, principalmente no aspecto emocional, pois foi sempre um objectivo primordial: Conseguir que das minhas palavras escorressem sentimentos vivos.

Nos últimos tempos tenho escrito muito pouco, mas não por falta de inspiração - digamos que tirei umas férias das palavras.

Estou aqui a visualizar o texto de 9 e 10 de Fevereiro de 2016, que me fez parar para pensar e me levou a confessar comigo próprio: "Não vou conseguir escrever mais nada assim nos próximos tempos".

E assim foi - nada demais me atrevi a escrever em 2016.

É este, uma prosa poética inédita, de profunda intervenção política e social, com o título de "Os imortais" e que apresentarei em breve para todos os autores e leitores deste site.

Desde Portugal,

Um abraço com votos de *Festas Felizes" !!!

Abílio Henriques

18.12.2018