A fantasia de Pasárgada

Baseado, parafraseado,parodiado e deleitado na obra de Manuel Bandeira, vem meu texto que não é plágio mas é um encalço:

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amiga do rei

Lá tenho a praia diária

que eu tanto sonhei

Da areia mais branca e fina

Do azul que ainda conhecerei.

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora logo

Aqui não é o Paraíso de lá

A existência tem de ser uma aventura

De tal modo inconsequente

Que Joana a Louca de Espanha

Doida, confusa e demente

Vem a ser sóbria e eloquente

Deste Paraíso inocente.

E como farei ginástica

Escalada e artes marcias,

Montarei em burro brabo

Daquele que amedronta até os cardiais

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansada

Deito na beira do rio

Mando chamar as ninfas

Pra me cantarolarem poesias

Que no meio da minha fantasia

Terei una e plena alegria

Que até o riso do mal sorria

Vem Pasárgada e me leva para o prazer.

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem cachorro, canguru e homem bom

De impedir a mazela social

Tem telefone rosa

Tem alcalóide à vontade

Tem sereias a cantar

Para a gente, se quiser, namorar

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando acordar e me doer o peito

Vontade de ir embora

Lembrarei deste pedaço da história

Verei a sombra do luar

Que em Pasárgada é mais brilhoso

Contente outrora jocoso

Vou-me embora, nem que em outrora, pra Pasárgada de glória.