A nós

São 46 anos de namoro, muitas histórias pra contar

Eu acho que daria um livro.

Ano 1974, cidade São Carlos, Bairro - Vila Monteiro,

Uma jovem adolescente de dezesseis anos a brincar no jardim, sem ter idéia que ali se daria início a uma linda história de amor. Sentada no balanço a cantarolar, viu quando alguém passou, parou e ficou a olhar, e sem se dar conta , pois ainda não saberia definir o que seria aquele friozinho, que teimava em subir e descer no seu estômago, a noite sim descobriu que tinha descoberto seu grande amor, na casa de uma amiga, ele me tirou para dançar, e nunca mais me deixou...

Ano 1975 - nasce nosso primeiro filho, Sandro Jeferson, fruto do nosso amor, criança frágil, prematura, nos ensinando a ser pais, fiz dezessete anos, você dezenove, dois adolescentes aprendendo a grande alegria de ser pais, que dureza, as coisas eram mais complicadas do que a gente pensava, nada tinha bula, era tudo de improvisos, e não contávamos com ninguém, era tipo "quem pariu Mateus, balance".Mas o amor tudo supera, íamos aprendendo, entre erros e acertos muitas idas e vindas do hospital, nosso menino, crescia, e com ele a gente se fortalecia.

Ano 1978- nasce nossa princesa Sibele Juliana, menina rosada, cabelinhos pretos cacheados, eu com dezenove anos, você vinte e um anos, adultos enfim, as responsabilidades aumentando, a vida apertando o "cinto" da gente, você metalúrgico, sem muito estudo, tanto eu quanto você, sem a mínima condição de estudar, fomos tocando a vida, sem muito pensar, como seria lá na frente, coisa de sonhadores, porém, a vida nos ensinou muito cedo, que sonhos não pagam contas, e elas vinham de montão, comíamos mal, morávamos mal, o aluguel nos consumia ( até hoje), mas eramos felizes, entre trancos e barrancos, nossos filhos crescendo lindos, não muito saudáveis, muito sofrido, mas, a gente não se importava, rodeados de amigos, casa sempre cheia, a vida se encarregava de nos mostrar os caminhos.O amor nos abrigava. Tive a grande perda da partida de minha mãe, muito cedo, mas com muita FÉ superei e aceitei.

Em 1980 mudavamos de Sao Carlos para Araraquara, o trabalho pedia essa mudança. medo, choradeira, mas sempre fui muito de enfrentar os desafios...

Ano 1983 chega o nosso terceiro filho, Samuel Anderson, já bem ambientada no jd das Estações, situação não menos difícil, pois agora eram três filhos, dois cachorros e a gente continuava feliz, acreditando em dias melhores, afinal juntos tudo tende a ser melhor. Morávamos na casa da Chácara, onde pagando aluguel, era ainda mais difícil da vida melhorar, porém Deus sempre proveu para nos o necessário, os Nos iam se passando as crianças crescendo, eu amadurecendo ,conquistei com a ajuda de. Uma amiga o direito de voltar a estudar aos trinta e cinco anos, e só pude ir, por que tinha a Sibele, que ajudava na casa e na criação do Muca, sou muito grata e ela, porém sei hoje que dificultei sua adolescência., mas como não tive a minha,pois fui mãe na adolescência , não percebi que estava prejudicando a dela, mas , tudo na vida é aprendizado, e hoje nos entendemos muito bem.

No ano de 1998 outra perda irreparável, minha irmã Gininha, se vai jovem demais também...

E a gente ali juntos segurando todas as barras.

Entre tantas tropeços íamos adquirindo maturidade no Amor, entendendo que se tem que ser será, caso não, cabeça erguida e vamos "desbravando sertoes" Estamos na luta,somos guerreiros, eu fui me descobrindo capaz de ir além, mesmo contra a vontade do Bem, que demorou um pouco a aceitar minha independência, não muito livre, mas com jeitinho ia conseguindo mudar algumas coisas, voltamos a estudar, fizemos os supletivo de 5a a 8a série depois do colegial,prestei concurso na prefeitura, fui servente, merendeira, educadora de berçário, fiz Magistério Pedagogia fui candidata a vereadora, não muito aceita pelo bem...graças a Deus não entrei, e pude continuar minha luta pelos menos favorecidos sem estar presa a nada.

E a gente ali, românticos, cuidando da nossa família bem maior que Deus nos deu . De 2000 a 2020, posso dizer com certeza que demos um salto muito grande em nosso relacionamento.Um "pouco" mais maduros, com netos povoando nossas vidas, a casa sempre cheia, até uns dois anos atrás, hoje nem tanto...até estranho, ficamos sozinhos, só temos companhia aos finais de semana. Hoje vivendo um isolamento social por causa da pandemia que se instalou no mundo, estamos mais próximos que nunca, desde março em casa, saindo o estritamente necessário, tenho um parceiro nas tarefas domésticas, o que antes nem se cogitava, pois sua criação dizia que "lugar de mulher é na cozinha".

Nesses nossos 46 anos de vida em comum, enfrentamos muitas crises, perdas tanto do meu lado quanto do seu, pois seus pais também já se foram, recentemente perdi minha irmã Fia, muito querida por nós, sobrevivi graças aos seus cuidados para comigo. Sofro com algumas dores, que adquiri por conta do diabetes, da fibromialgia e da artrodese, que me deixam bastante limitada, mas não me deixa abater nunca

A vida me ensinou que, se azedar põe açúcar, uma pinguinha e faça uma caipirinha!!!

Que chorar fazendo coisas que me dão prazer, fica mais leve, que tudo na vida é passageiro ( menos o motorista e o cobrador).

Assim eis-me aqui fazendo o que mais amo fazer: Escrever, contar as nossas superaçoes, aqui deixei tudo muito resumido, Ixe tem muita coisa ainda pra escrever...

Mas de verdade, faria tudo de novo, pois valeu cada segundo, nosso amor é um amor valente, daqueles que só os fortes conseguem suportar. Muito obrigada por essa vida linda de aprendizado!!!Te amo!!!