Porque a Fé transcende (Para minha amada filha)

Às vezes sou questionada do porquê ser alegre (até piadista) e tão otimista, mesmo sabendo-me abarrotada de problemas (como se não fosse "normal" tê-los). Por vezes, sou confundida com beata (o que claramente nunca seria, já que nem sequer penso como uma, muito menos ajo...) O que tenho de sobra é fé: nAquele lá de cima, e, como consequência, em mim mesma! Mas também por ser eminentemente observadora e grata - herança de minha (sagrada) mãe aqui da terra, que tanta falta me faz...

E faz exatos 15 anos, num 7 de julho, após algumas perdas e atribulações graves de ordem pessoal, nascia Mariana, uma princesinha gerada sob meses de conflitos; além de um câncer recente e raro o qual foi detectado a tempo de uma cura. Gerou-se, por conseguinte, um útero fragilizado, ferido. Ainda por cima "estendido quando não poderia, 'cientificamente', sê-lo"... Entretanto, a menininha se desenvolveu, chegou, "aos trancos e barrancos", trazendo consigo (mais!) luz pra minha vida. A morte deixou de ser obstáculo contra minha plenitude... (E pensar que cheguei a dizer, angustiada, que "não podia ter engravidado!!!") Pois bem, "vingou", cheia de vigor! Uma "levada da breca", pior ainda que eu, dizia minha saudosa mãe que conviveu com ela por um curto tempo, a tempo de ficar de "cabelo em pé" com a neta - um "corisco", ainda bebê... Mariana, inocentemente, trouxe-me alegrias e muitas, muitas preocupações (Cito aqui a maior alegria quando, após vários exames- dessa vez confiáveis, descartou-se uma leucemia, naquele corpinho franzinho e já tão judiado, meses a fio, por agulhadas constantes, ainda aos 26 meses de idade.) E lá se foi mais um obstáculo... !

Então viemos para o Sul. E aquela guriazinha que aqui chegou há 3 anos, transformou-se numa mocinha linda, de uma meiguice singular- um contraponto da força que traz dentro de si. Presença obrigatória e constante em festas e "junções", bem quista por todos (sem exageros, apesar da corujisse da mãe...) e de uma maturidade emocional que aparentemente não condiz com a idade. Uma pacificadora das guerrinhas adolescentes, organizadora de reuniões, conselheira dos amigos; a que vem pregando paciência às amigas daqui e do Rio, por terem desmarcadas suas tão sonhadas festas dos quinze anos... por motivos óbvios... (Enquanto que ela sequer terá por aqui os familiares pra lhe darem um abraço apertado no dia de hoje.) Além de abrir mão de realizar o segundo sonho: fotografar para publicidade, haja vista ter sido contactada por esses dias, mas, dados os efeitos da pandemia em Porto Alegre - pra onde iríamos...

Há, contudo, sempre otimismo naquele rosto e a certeza de que seus sonhos ainda se realizarão, mesmo que perdendo a "chance de ouro (?)", por agora...

Mariana foi um sonho possível; impossível foi desanimar de tê-la, como médicos, parentes, amigos e até meros conhecidos direta ou sutilmente me faziam "entender", posto que "seria fatal levá-la adiante no ventre"...

Hoje, dedico a maioria das minhas realizações de vida a essa menina-mulher que, como eu, não desiste dos sonhos, ou de si. Rogo ao Pai que realize-se plenamente como mulher, como profissional, como pessoa, enfim!

Por ela, faço um brinde: À VIDA!!!

Luzia Avellar
Enviado por Luzia Avellar em 07/07/2020
Reeditado em 08/07/2020
Código do texto: T6998453
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.