LEI QUE PRECISA URGENTEMENTE DE UMA EMENDA

O ano é 2003 e estou chegando na casa de seu Valdemar e trago-lhe boas notícias. Trata-se da lei de gratuidade para idosos e aposentados em duas poltronas em todos os ônibus que fazem viagens interestadual. Antes que comece a contar a novidade, já vou logo lhe dizendo que; - irá diminuir muito o risco de ele ser picado por um dos escorpiões que cria em cativeiro em seu bolso, refiro-me ao excesso de economia que ele pratica, talvez por ser uma das consequências da sua opção por uma grande família.

Antes de falar sobre a lei, adianto a ele também que agora ele poderá visitar sua segunda mãe e tia, aquela que lhe acolheu quando chegou ao Amazonas. Moradora do interior e que agora já viúva, vivia com uma filha, me lembro da primeira vez que viajei com seu Valdemar para visita-la e vi a grande emoção que ele sentiu ao vê-la.

Falei da lei da gratuidade, e ele ficou atento e logo que acabei de explicar ele pensou um pouco e me olhou meio sério, e disse:

- Eu acho que ainda não é dessa vez que vou aumentar minhas viagens ao Amazonas meu filho, porque tenho certeza que essa lei vai ter que melhorar mais.

Foi bem aí que fiquei na dúvida de como deveria ser a lei perfeita neste caso, e sem demora já fui lhe perguntando e ele sempre com toda aquela criatividade, me explicou nos mínimos detalhes;

- A lei já está errada pela quantidade de poltronas, mas vamos dizer que é melhor do que nada, o certo seria no mínimo umas seis poltronas, e a principal parte dessa lei vou lhe dizer agora; - Deveria haver na lei uma parte que falasse sobre os direitos dos velhos durante a viagem, que seria no caso; - Os velhos teriam direito, e tudo de graça a um café da manhã reforçado, podia ser um cuscuz ou tapioca, uma farofa ou mesmo um pão com ovos e café com leite; - nove horas uma merenda, um almoço reforçado, as três da tarde mas uma merenda e a noite jantar.

E concluiu dizendo:

- Você entendeu meu filho.