Significado da Rosa Branca - Tranquilidade, pureza e charme
(Imagem do Google)Significado da Rosa Branca - Tranquilidade, pureza e charme

Quão pequenina e grandiosa és!
 
Mariinha era o apelido de Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, a tão pequenina e grandiosa Maria Rita , a incansável protetora dos mais necessitados,  a Irmã Dulce , "o anjo bom da Bahia",  nasceu em 26 de maio de 1914, na cidade de Salvador, cidade essa marcada pelo sincretismo religioso com seus 372 templos de religião católica, sendo vários desses templos de imenso valor histórico como a Basílica do Senhor do Bonfim, a Basílica do Mosteiro de São Bento , onde também muitas igrejas foram construídas nos séculos XVll e XVlll, citando como exemplo a Igreja e Convento São Francisco, considerada uma das sete maravilhas de Origem Portuguesa no mundo. Irmã Dulce nasceu na  Terra dos Orixás, de Mãe  Menininha de Gantois, não por acaso, pois respeitava todas as crenças religiosas, o amor ao próximo era o que mais importava.

Herdara de seu pai, Augusto Lopes Pontes, o desprendimento material, à sua mãe Dulce fez uma homenagem ao escolher o mesmo nome para toda a sua vida. Aprendeu a tocar instrumentos musicais de ouvido, vez por outra tocava sanfona para os operários nos almoços das fábricas de Salvador. Gostava dos banhos de mar, de uma arrozinho com quiabo e de ir acompanhada de seu pai ao Campo da Graça, assistir ao Ypiranga, rival do Vitória, nos anos de 1920. Em uma entrevista à TV Bahia em 1986, revelou que era fã do Ypiranga e do jogador Apolinário Santana, o Popó.
Dizia:
"-Popó era o meu preferido, se ele estivesse vivo hoje, seria Pelé. Ele era danado na bola."
Popó tornou-se o primeiro negro a atuar profissionalmente na Bahia, rompendo as barreiras do racismo no futebol. Desde muito pequena, junto de uma tia, visitava pobres e doentes no Itororó, passando a cuidar dos pobres na porta de sua casa, na Rua Independência. Formou-se professora, residiu um tempo em um convento em Sergipe. Vivendo no clastro, não recebia visitas, não havia telefone, as correspondências eram controladas, embora não houvesse uma reclamação sequer por parte de Irmã Dulce. Retorna-se a Salvador, dedicando toda a sua vida àqueles que são invisíveis perante à tão aclamada sociedade.

Iniciou seus trabalhos no bairro dos Alagados, lugar  de extrema pobreza em que  as primeiras habitações foram erguidas sobre o mangue, constituindo as palafitas,  construídas pelo povo. Acolhia as pessoas em uma casa velha e abandonada, visto que aquelas pessoas não tinham onde ficar. Durante dez anos, Irmã Dulce não teve onde abrigar seus doentes. Certa vez ocupara dez casas abandonadas, fora chamada de ladra, nem sempre era bem recebida em algumas lojas do comércio de Salvador, franzina, pequenina, entrava no estabelecimento e logo pedia algo para seus infinitos filhos. Saiu das casas e seguiu com seus doentes para um dos pontos turísticos mais populares do Brasil, os arcos da Igreja do Bonfim, arquitetura em estilo neoclássico com fachada rococó, quanto quiprocó (como   dizemos aqui em Minas) Irmã Dulce causou. Foi expulsa pelas autoridades porque ali era um lugar para encantar aos turistas e não expor a realidade do nosso país.
Para onde levar os pobres?
Irmã Dulce decidiu ocupar o galinheiro do Convento Santo Antônio, improvisou estruturas que serviam de cama, iniciara ali o Hospital Santo Antônio que atualmente abriga um dos maiores complexos de saúde para atendimento gratuito no país. O Hospital Santo Antônio de Irmã Dulce antecipou aquilo que viria a ser na década de 1990, o Sistema Único de Saúde (SUS). Das galinhas, fizeram uma saborosa canja. À frente de seu tempo antecipou também as aulas noturnas para os trabalhadores de baixa renda, o que seria atualmente, a Educação de Jovens e Adultos.

Nos anos de 1940, não havia televisão, faziam sucesso  as telenovelas, as séries cinematográficas conquistavam o mundo, Irmã Dulce viu nesse cenário a chance de arrecadar recursos para seguir em frente com seus projetos sociais. Junto com frei Hildebrando Kruthaup, idealizou a criação de cinemas no Círculo Operário da Bahia, criaram três: Cine Roma, Cine Plataforma e Cine São Caetano, erguidos com doações e feitos pela Construtora Odebrecht. Conta-se que ela sempre participava das atividades artísticas que aconteciam nos cinemas, pegava sua sanfona e tocava clássicos de Luiz  Gonzaga acompanhada do Coral de crianças que estudavam no Clube Operário da Bahia.
Raul Seixas registrou em sua biografia a importância do Cine Roma, chegando a ser chamado Templo do Rock na década de 1960. Irmã Dulce conheceu Rauzito, abriu espaço para ele no Cine Roma, compartilhavam o dinheiro arrecadado para que ela continuasse a tocar sua obra. Cantaram no Cine Roma, Wanderléa,  Renato e seus Blue Caps, Ângela Maria, Emilinha Borba, Cauby Peixoto, Jerry Adriani, Caetano, Gal, Gil,Bethânia, Tom Zé...

Ficaria mais tempo por aqui aprendendo com   esse anjo bom da Bahia,  cidadã de bem de nossa nação. Embora já tenha me estendido bastante, encantou-me também as suas visitas aos confinados , levando sua sanfona, sensibilizava até  Antônio dos Santos, o Volta-Seca, cangaceiro do grupo de Lampião, que naquela época ao dar entrevista para um jornal, já denominava Irmã Dulce de Santa. O  autor de "Maria Bonita" era um homem sábio.
Maria Bonita mesmo era Irmã Dulce, nome espanhol, do latim dulcis, que significa doce. Dulce, mulher muito amável... 

 
 

 
Rosa Alves
Enviado por Rosa Alves em 24/07/2020
Reeditado em 05/08/2021
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