A VOLTA

Rio pequeno, mais volumoso,
Movia a turbina! As noites da vila, a clarear,
O arraial sempre mimoso,
Acolhe romeiro pra festa popular.

Quando a sua água,
Em um tubo entrava,
Ordenada por tapume,
Lá no poste, piscava o vaga-lume.

Observava tudo isso!
Numa pequena elevação,
Pois, esse regaço me dava paz,
Enchia-me de muita emoção.

Mergulhava no futuro,
Levitava como canoa,
E nesse lugar inviolável,
Dei-lhe o nome de lagoa.

Tu conheces uma lagoa?
E um sentimento adormecido?
Os dois têm algo em comum,
Só acordam ao serem atingidos.

Lança-lhe uma pedra ou outro corpo,
Formam ondas, Ondas, Ondas...
Até cobrir toda a sua superfície,
Despertada pelos olhos! Não é crendice.

Ambos enchem-se de vigor,
Mostram as faces esquecidas,
Fazem romances para a vida, e,
Criam cenários de amor!

Embora seja o mesmo ribeirão,
De décadas e décadas passadas,
As suas águas perderam volumes,
E parecem mais paradas.

Quando adolescente, um cupido,
Flechou-me, “cadê o meu enamorar”
Só restava a velha lagoa,
Para me desabafar.

O tempo passou... A lagoa que imaginei; esqueci!
Casei-me, família formei,
Com a partida daquela que me deu a vida,
A esse lugar calmo retornei.

Agachei-me, com lamentos,
Sufocado chorei,
Minha história meu passado,
O Deus eu Te louvo, meu muito obrigado!

Foi ela que me ensinou a caminhar,
Ouvir e falar me direcionou para Ti,
E através dela, lhe conheci,
O melhor de tudo me ensinou a perdoar.