é que a Bahia tem um jeito

príncipe em todos os sentidos

reinam em nós seus pensamentos

por servidão voluntária nossa 


em presenciá-lo acontecer

sinto que vivo na esperança

de um dia quem sabe

fazer algo pelo seu país

e pelo nosso

que te fosse tocar

de alguma maneira

o homem-poesia

cuja força estranha

o obrigou a cantar

as palavras reunidas em versos

decassílabos

poemas

ritmos

e miltons e tons e tais

surgindo assim

como uma invenção mágica

junção de todos os elementos

da Terra

algo que não adianta nem escrever

de tão esotérico

o menino de Santo Amaro

um mano, um Caetano qualquer

como ele canta

o irmão de Bethânia e Irene

o filho de dona Canô

o ateu que viu milagres de fé

e canta e vibra os orixás

a Bahia se fosse um menino

de oito décadas

meu amor,

Caetano

nome do filho

que eu não terei

melhor do que nome de santo

é o nome mais bonito

o acontecimento que eu

gosto de viver

a música que cresço ouvindo

a inteligência que celebro

a Bahia que compartilho

aquele que está

mais perto da gente

do que a pele que nos veste

que perguntou

quem é você

que não sentiu

o que é o recôncavo?