O fruto da luz
(
Para Augusto Ruschi)


Junto a teu caule estou protegida.
Não te sugo não te eivo,
durmo a tua sombra e umidade.
Não te parasito,
só quero teu colo para meus frutos brotar.
Espalho minha sensualidade em flor
por todo mundo em fácil multiplicar.
Em busca de minhas semelhantes
só não passeio nos desertos mais secos
e no gelado círculo polar.
Em inflorescências de anjos
espalho-me por terra, caule e água.
Não emulo com as rosas, minha beleza calo.
Meu fruto em cápsula se abre
em leves sementes ou em doce baunilha.
Disfarço-me em abelha para atrair o zangão.
Em outras, meu néctar noturno atrai as mariposas
e os sombrios morcegos.
Se nada produzo exalo perfume e atraio as borboletas,
minhas irmãs em cores e exuberância.
Só o beija-flor vem espontaneamente a mim.
Quem verdadeiramente me ama
não me apanha do lugar em que me extingo,
sabe que o encantarei por toda eternidade.
Quem me defendia até a loucura,
por tanto me amar,
em vida transcendeu a tudo isso.*
Minhas cores são do arco-íris e do coração.
Sou a orquídea, sou o fruto da luz.
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*Homenagem a Augusto Ruschi - naturalista que viveu e morreu defendendo os beija-flores, as orquídeas e demais recursos naturais brasileiros:

“Alguns me dirão ainda: Depois de nós o dilúvio! Certamente, exatamente o dilúvio. E é justamente porque pode ser previsto que nós pedimos aos outros 
que nos ajudem a evitá-lo.” - Augusto Ruschi


Fonte de pesquisa: Wikipédia
Imagem do google: rebites.blogspot.com

meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 18/03/2008
Reeditado em 04/03/2010
Código do texto: T906307
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