Chapeuzinho e o Lobo Bom

Chapeuzinho e o Lobo Bom

Era uma vez um Lobo Bom, que era parente daquele Lobo Mau, aquele da história (1) da chapeuzinho vermelho. Um dia ele foi visitar o Lobo Mau, mas quando chegou a bifurcação que dava para a casa do parente malvado, deparou-se com Chapeuzinho Vermelho. O velho lobo, sabedor de que aquela história poderia não acabar bem, advertiu a moçoila que não fosse por aquele caminho, pois o outro lobo que ali habitava, apesar de seu primo, não era boa gente. Chapeuzinho entretanto, respaldada por sua larga experiência fabular, não quis dar ouvidos ao bom lobo, e seguiu cantando sua velha canção pelo caminho do perigo.

Pouco tempo depois, o Lobo Mau, ao ouvir aquela vozinha estridente que ecoava na floresta, avançou com os dentes amostra sobre a pobre e imprudente menina. Esta soltou um grito desesperado. Mas o Lobo Bom, que era bom, mas não era bobo, seguia-lhe de perto e colocou-se entre a menina e o Lobo Mau. Em meio àquele impasse, eis que surge o Caçador. O Lobo Mau mais do que depressa, embrenhou-se na floresta. O gentil e cortês Lobo Bom, ficou para dar explicações. Porém o Caçador não era de muita conversa, e tratou de engatilhar a arma. O Lobo Bom, percebendo que sua diplomacia não ia muito longe e como era campeão de atletismo, passou sebo nas canelas, e correu em direção à casa da vovó, tendo a seu encalço, sem a mesma rapidez, o Caçador. Entrou então, na casa da vovó, e como a mesma não estava, correu para sua cama, colocou sua toca e cobriu-se, só deixando a toca de fora. O Caçador entrando na casa tudo vasculhou, mas ao perceber o ronco da falsa velhinha pensou ter se enganado, e decidiu dar uma busca na região.

A menina Chapeuzinho, bem distante dali, vinha pela estrada a fora, cantando sua canção. Algum tempo depois a ela chegou a casa da vovó. O Lobo Bom, percebendo que alguém chegava, abandonou seu disfarce e escondeu-se atrás da porta. A menina deixou sua cestinha de guloseimas em cima da mesa e entrou no quarto da vovó a sua procura. O Lobo Bom, como todo mundo, tinha suas fraquezas: era louco por doces e chocolates! E detrás da porta onde estava, ao ver a cesta com as guloseimas, não resistiu, fugindo com a cesta pela porta dos fundos. O que o pobre Lobo Bom não contava era dar de cara com o Caçador, que não pensou duas vezes, e de arma em punho, desfechou-lhe dois disparos certeiros. A menina, ao ouvir os disparos teve apenas o tempo para exclamar: Pobre Lobo Bom, salvou a minha vida! E o Caçador, vendo a menina amparar o lobo moribundo, ficou sem entender nada. E de herói passou a vilão.

Paulo Henrique 18/06/01

(1) Dicionário Aurélio [Recomenda-se apenas a grafia história, tanto no sentido de ciência histórica, quanto no de narrativa de ficção, conto popular, e demais acepções.]

Ver também: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1547659

Paulo de La Mancha
Enviado por Paulo de La Mancha em 18/12/2009
Reeditado em 24/08/2014
Código do texto: T1984810
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