Ôtras do mineirin
Wilson Correia
Nem todo mineiro fica confortável em cima do muro.
Pois eis que o trem (condução) cheio de políticos tropeçou em uma carroça repleta de queijo. Mas era muito queijo mesmo. O trem descarrilou. Entrou no carril em sentido contrário e bateu em outro trem (veículo também).
Foi destroço pra tudo que é lado. O mineirinho que morava na fazenda logo abaixo veio ver o estrago. Viu que todos corriam perigo de vida (rs) e perguntou:
– Restou arguém vivu dessa disgracêra?
Perto de uma dúzia de político levantou a mão –alguns com um bicão tão grande que pareciam os papagaios que tenho lá em casa.
O mineirinho não hesitou em enterrar todos os destroçados.
Passado o tempo que a ambulância do Samu leva para chegar aos lugares dos acidentes (tempão, como sempre), chegou o pessoal do socorro:
– Cadê todo mundo que tava acidentado aqui?
E o mineirinho informou:
– Interrei tudu.
Os médicos e paramédicos ficaram abismados:
– Cê nem conferiu os sinais vitais? Enterrou sem perguntar se estavam vivos?
Ao que o mineirinho se defendeu:
– Óia, pirguntá eu pirguntei. Um monti deles levantáro a mão.
– E ocê não socorreu ninguém?
– Intão... Comu políticu é tudo mintiroso, num creditei não...
Moral da história: mineiro sabe qual mineiro merece a pá de cal rs.
Obrigado, querida Ângela, pela deixa rs.
Falando nisso...
Tancredo havia ganhado a eleição para o governo de Minas. Um político que não sem quem, nem de onde (mineiramente falando, rs), o procurou para reivindicar nomeação para um cargo de primeiro escalão.
Tancredo não o queria no primeiro escalão de forma alguma, mas o recebeu. Papearam. O cargo, porém, ficou em “stand by” (mineiro também se interessa por um segundo idioma).
Nas despedidas, aquelas para os tapinhas nas costas, o reivindicador chegou “Tren-credo!” (rs) na parede:
– “Esse-lentíssimo” (rs), a imprensa tá í fora... Oquiqui eu digo? Vô sê nomiadu ô nãum?
Ao que Tancredo teria instruído:
– Diga que você foi firmemente convidado, mas que não aceitou de jeito nenhum.
Informação: há mineiro no mundo que ainda aprecia a verdade, ainda que tardia, que é a delícia de um pão-de-queijo.
Outra:
Sabe porque Minas NÃO tem praia?
(Essa também é velha, mas é boa)
É porque, nos começos da criação, os minêrin só rezavam:
– ... E livrai-nus do mar, amém!!!
Quem saiu perdendo foi o mar.