Um tapa na boneca ( Joãozinho apronta mais uma para a professora Matilde)

Ano de Campeonato Mundial de Futebol no país. A professora Matilde, cansada de ser taxada de tradicional, resolveu fazer um campeonato de futebol. A notícia foi recebida com euforia por todos os alunos e professores. Joãozinho, logo se ofereceu para ajudar na divisão dos times. Ele, além de jogar, seria também como uma espécie de Técnico, ou seja, todos teriam que obedecer suas orientações. Tanto a professora Matilde como as demais professoras não entendiam bulhufas de futebol, não tiveram escolha, aceitaram o tal Técnico.

Ah, mas esta história de futebol acabou tomando outro rumo.

_ Oh baixinho, preciso falar com você?

_ Eeeestá fafafalannndo cococomiiigo, Jooooãozinho?

_ Sim. Com você mesmo.

_ Poooode fafafalar.

_ Certo. Vou ser curto e grosso! Vê se na hora do jogo não fica moscando, se gaguejar nos dribles, ta fora!

_ Popopopooode dededeixar cococomiiiigo!

Assim que o juiz deu o apito para o início do jogo, o Técnico estava com os nervos à flor da pele. Joãozinho nunca tinha levado uma atividade tão a sério. Serginho, o gaguinho, não sabia se corria atrás da bola ou se olhava no Técnico que não parava de correr de um lado para o outro berrando o nome dos seus parceiros. Foi numa dessas distrações que o coitado do gago deixou a bola passar por debaixo das pernas e ir direto para o gol adversário. Aproximando do seu ouvido, o técnico balbuciou algumas palavras e voltou para a sua posição pisando duro.

Todos ficaram curiosíssimos para saber o que o Técnico teria falado para deixar o garoto parado no meio do campo. Por alguns segundos não houve reação.

Percebendo que havia algo errado, a professora Matilde resolveu intervir. Chamou o jogador na beira da quadra.

Ao chegar perto da professora, o gaguinho começou a chorar descontroladamente.

_ O que houve, Sergio? O que aquele garoto petulante falou no seu ouvido?

_ Naaaaada!

_ Como nada? Você ficou lá parado parecendo uma estátua e vem me dizer que ele não falou nada? Vamos diga!!

_ Eeeeeeele diiiiisse que, que, que se nonononosso titititiiiiiiiime pepeperrrder, (snif,snif), eeele vavavaiiiiiiiiiiiii aaaaarranrranrrancaaaaar os,os,os- cacacacabebe-beeeeeeeelos da,da,da bububububuceeeeta da,da,da miiinha mãeeeeeeeeeeeeeee!!!!!! Buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaá!!!!

Depois de entender a linguagem do gaguinho, a professora fingiu que não entendeu nada e tratou logo de retirar o jogador do campo antes que aquela frase fosse repetida para outros ouvintes.

Longe de todos, tentou acalmar o garoto que não parava de chorar repetindo o episódio.

_ Se acalme. O João não vai fazer nada disso. Ele estava brincando.

_ Naaaaão! Eeeele ta-ta-taaava “ braaaaabo”!

_ Não, ele quis dizer que vai arrancar os cabelos da boneca de sua mãe!

_ Enenentaaaão!! Buaaaaaaaaaaaaá!! Eeeeessse é o aaaapepepepeliiido da,da,da, bububucececeeeta da,da,da mamamãe!! Buaaaaaaaaaaaá! Meeeeu pai dididiiz pra,pra eeeeeela que,que, que vavavaaaiii daaaaarrrr um tatatataaapa na,na,na,na bobobobooooneneneeeca quannnnnndo vaaaai nananamorar no quaquaquarrrto.

Bom, depois dessa, não será necessário relatar as medidas que a professora tomou em relação ao campeonato de futebol. Deu zebra.