AULA MAGNA DO MACACO PREGO PARA POPULISTAS

(Macaco Prego: PhD e Máster Di Gree)

Petelogia/Pmdebelogia/Tucanologia/Patologia/Corruptologia/Escatologia/Psiquiatria/Esquizofrenia

Formação em Cambridge -- MIT – Caltech - Harvard – Selva Amazônica

Local: Palácio Desarvorado - Brasília -- (qualquer dia, qualquer hora), a gente se encontra...

Vamos imaginar de olhos fechados, um enorme salão nobre, o salão verde e amarelo, e os presentes alojados em suas confortáveis poltronas estofadas, um ambiente de luxuosa decoração, com uma tênue e difusa iluminação e suaves acordes musicais de “Cavalgada das Valquírias”, (Wagner) ali acomodados ex-presidentes, “presidenta”, ministros, senadores, deputados, governadores, prefeitos, vereadores, juízes, promotores, primeiro escalão do governo, empresários, ambulantes, feirantes, profissionais liberais em geral, cientistas políticos, artistas circenses, professores, filósofos, teólogos, astrônomos, astrofísicos, sexólogos, prestidigitadores, cartomantes, adivinhos, representantes de instituições diversas, e ainda, Mário Tamashiro, Alberto Lehmann, Cláudio Abstêmio de Oliveira, Givanildo da Silva e Germino de Souza, estes últimos cinco, representando grandes camadas do Povo, todos aguardando as inusitadas e singulares palestras. E os animais irracionais se revezando na cátedra, começando pelo Coordenador Macaco Prego, abrindo o Evento, fazendo a sua “pregação” e impondo respeito, pela sua capacidade de evitar macaquices, apesar de ser um irônico gozador, intercalando tais predicados em suas palestras, todavia, sempre com um sentido subjacente, mas explícito para os atentos observadores, sobretudo com as mais puras e melhores das intenções, procurando despertar o Brasil sonhado pelos brasileiros que não estão dormindo, nem durante esta leitura.

Boa noite meus Amigos, é um prazer imenso estar aqui com os senhores, neste encontro articulado pela Zelites, através do Mário Tamashiro, Alberto Lehmann e do Cláudio Abstêmio de Oliveira, os quais há algum tempo atrás, tive o prazer de conhecer no Happy Hour Point, graças à Sociedade Protetora dos Animais.

Neste encontro, estaremos considerando as multiformes dificuldades, que formam um intrincado emaranhado de complexas circunstâncias, as quais, sobrepondo-se à própria complexidade intrínseca da gestão dos negócios públicos, tendem a exigir uma inaudita e introspectiva inserção nos meandros de uma estapafúrdia sincronização, eu diria, quase que sub-reptícia, onde se articulam uma multiplicidade de interesses contraditórios que se confrontam tenazmente, numa expectativa multilateral que se esvai, dando lugar a individualidades que se entrechocam, no conflito de objetivos contrapostos, que ostensivamente, conduzem à redundância, ou seja, este “imbróglio” em que estamos todos envolvidos, afetados pelas suas nocivas conseqüências. Creio que depois da absoluta e inequívoca clareza deste nosso prefácio, digamos assim, podemos “baixar a bola”, reordenar a entropia, sem mergulharmos em axiomas que produzam abstrações Kantianas, prevenindo-nos de eventual anacroasia, e nos achegarmos ao Givanildo e ao Germino, impolutas figuras desta imponente República, que lhes faculta esta iluminada representatividade de que tanto se orgulham e de onde explodem os eflúvios da sapiência, como vapores aromáticos que se expandem na nossa atmosfera, já poluída pela contumaz incompetência estrutural do gênero humano, que viceja como urtiga, provocando agudas coceiras no tálamo dos ideólogos defenestrados pela falência das suas idéias. É óbvio que encontrarei resistências culturais, especialmente pelos desejosos de honrarias, persistentes numerosos, persuasivos confirmando-se uns aos outros, os quais poderão, a exemplo de Meleto, Ânito e Lícon, tomar, respectivamente, as dores dos poetas, dos artesãos, empresários e políticos, e a dos oradores, os quais atacarão o conteúdo mais profundo desta palestra, na tentativa de subverter o seu sentido, e, com certeza, pedirão a minha sentença de morte pela cicuta, ou minha internação definitiva na floresta amazônica, o meu Pritaneu, onde, todavia deverei sobreviver por mim mesmo. (Este parágrafo é também um ensaio, ou um treinamento para minhas pretensões pessoais no campo político, pois pretendo ser o futuro Rei da Selva, destronando o Rei Leão e o Tarzan também).

Senhores, “data vênia”, na verdade tudo é muito simples, diríamos, como o óbvio ululante, e que antes de tudo, é preciso recordar-se do Rui Barbosa, do Monteiro Lobato e do Capistrano de Abreu, patrícios seus, que ensinaram muito com poucas palavras, conferindo-lhes o justo reconhecimento pela sua participação e salutar influência nos meios culturais deste solo pátrio. Em seguida, preparem um coquetel, no capricho, com uma medida de cada um dos seguintes ingredientes: coragem, trabalho, persistência, dedicação, vergonha, dignidade, honestidade, lealdade, humildade, fraternidade, capacidade, patriotismo, sobretudo amor ao País e ao povo brasileiro, este, mantido propositalmente na semi-escuridão pelos mercadores da dignidade humana. A seguir, os Senhores todos, tomem um tremendo “porre” coletivo desse coquetel e quando se recuperarem dos seus efeitos, mas os tiverem absorvido nas suas próprias essências, tratem de imprimi-los em tudo o que fizerem no exercício dos seus cargos, nas suas atividades, nas suas atitudes, nas suas ações, onde quer que se encontrem. O povo irá gostar dos resultados, e o seu País estará na rota do progresso. Como o País sempre esteve em má situação, e agora numa péssima situação, estimo que em cinco ou seis décadas, o seu País estará alinhado com os países do Primeiro Mundo, e os seus filhos, netos e bisnetos, ficarão muito agradecidos e orgulhosos dos seus antepassados. Isso me tranqüilizará também, pois a preservação do meio ambiente, e a educação do povo, inseridos automaticamente nesse contexto, têm tudo a ver com a minha própria sobrevivência e a dos outros animais irracionais que convivem comigo nas florestas e cerrados tupiniquins.

Agradeço a gentileza da sua atenção e lhes informo que o próximo orador será o nosso amigo Burro, que dará seguimento a esta aula para vocês humanos. Mesmo sendo Burro, creio que se vocês prestarem bastante atenção às suas palavras, não irão mais cometer, doravante, tantas burrices como sempre têm cometido, muito especialmente nestes últimos quase treze anos. Após o Burro, virá o Cachorro, que lhes ensinará a evitar a prática de “cachorradas” com o povo brasileiro, e depois virá a Hiena, para lhes orientar a não devorar o que resta a esse povo sofrido, e depois o Porco, ensinando-lhes a parar de emporcalhar o Brasil, no lamaçal da pocilga em que vocês o transformaram. Para finalizar, virá o Leão, que lhes ensinará uma dieta rigorosa, para não devorar os salários do povo, na forma de pesados impostos, generosos salários, mordomias e benesses aos parentes, amigos, correligionários, comparsas, etc. e no seu próprio luxo e ostentação, fazendo com que desapareçam nos ralos da incompetência, da corrupção, da vaidade e do egoísmo, sem que retornem como benefícios aos cidadãos, que estão entregues à sua própria sorte.

Antes que me esqueça, devo avisá-los que a Zebra foi proibida de lhes dar aulas, porque só tem dado zebras nas suas eleições, assim como foi também proibido o Camelo, para evitar associações com o que tem sido o povo brasileiro e também a Onça, para que vocês não fiquem mais amigos dela do que do povo. Nem vou falar de outras proibições, como do bode, do “alce” e outros bichos, para evitar interpretações complicadas, alongando muito a palestra e vê-los todos dormindo, ou alongando demasiado o texto, o que o pessoal do Recanto não aprecia. Boa sorte a vocês, muito obrigado a todos e até uma próxima oportunidade, lembrando-os que os animais irracionais estarão sempre à sua disposição, quando vocês ficarem encalhados na sua arrogante racionalidade e necessitarem da nossa modesta contribuição. Eis que, outorgo-lhes esta profunda e sublimada prosopopéia flácida para acalentar bovinos, inspirada em seus brilhantes tribunos, que amealhados na sinuosa complexidade da cirurgia lava-jato, ocultam-se na penumbra de um futuro duvidoso, que certamente se dissolverá no éter do supremo, onde se desvanece como o sutil vapor do nebuloso “jus reconditum impenetralibus sanctus pontíficum”, na liturgia dramática que congrega brilhantes intérpretes da difusa realidade, nas névoas do surrealismo propagado em todo o território do gigante dorminhoco. Assim, exausto pelas evoluções mentais, submeto-lhes oh avantajados e robustos intelectos desta nobre platéia, estas divagações “simiológicas” ou “macacológicas”, se preferirem, para que não lhes subsistam quaisquer imprecisões, pois certamente, contemplaremos embevecidos, o desfecho como o “Gran Finale” da magna encenação, nos umbrais da grande pizzaria, que sutilmente vai levando e já prepara os ingredientes para a orgia gastronômica. Isto posto digo-lhes, oh humanos que vivem no dorso do gigante entorpecido, salvem-se quem puder, pois J. B. (José Bonifácio?) cansou-se, pediu o boné e nos deixou órfãos de pai e mãe.

E assim falei eu, o Macaco Prego, que não sou niilista e nem admirador do Nietzsche, mesmo porque tenho me esforçado para penetrar, sobretudo nas inspirações de Jacob Boehme, e no mundo inteligível de Platão, com a ajuda de Espinosa, sem incorrer, nunca, no desespero de Gilles Deleuze, talvez este, um sintoma que se expande perigosamente em seu País. “Je sui le Macaco Prego, au revoir més ami“!

P. S. – Meleto o poeta, Ânito rico curtidor de peles, influente orador e político, e Lícon personagem de pouca importância, foram os acusadores de Sócrates diante do Tribunal Popular, acusado de não reconhecer os deuses do Estado, de introduzir novas divindades e corromper a juventude. O relato do julgamento foi feito por Platão na “Apologia de Sócrates”. Sócrates proclama aos cidadãos que deveriam julgá-lo:

“Não tenho outra ocupação senão a de vos persuadir a todos, tanto velhos como novos, de que cuideis menos de vossos corpos e de vossos bens do que da perfeição de vossas almas, e a vos dizer que a virtude não provém da riqueza, mas sim que é a virtude que traz a riqueza ou qualquer outra coisa útil aos homens, quer na vida pública quer na vida privada”

Para escapar da pena de morte, como era de praxe, após o veredicto da condenação, bastava ao próprio Sócrates aceitar fixar a sua própria pena, propondo outra penalidade, como por exemplo, pagar uma multa, como lhe sugeriram seus amigos. Mas Sócrates não fez concessões, pois se o fizesse, seria aceitar a culpa, da qual não o acusava a sua própria consciência. Mais do que isso, ele propôs que se decidisse entre duas alternativas: ou pena de morte, pedida por Meleto ou ser sustentado no Pritaneu, enquanto fosse vivo, como herói ou benemérito da cidade. Sócrates, assim, optou pela morte, para não abrir mão da sua consciência.