CASAMENTO DE CÃO

Foi outro dia no horário do almoço, nessas voltas vadias que a gente dá para aliviar o estomago empanturrado, que assisti a cena mais inusitada, por mim, já vista. Em plena praça XV no centro do Rio de Janeiro, um homem travestido de padre celebrava o casamento de dois cães vira-latas. Um “padre” com batina e tudo e dois cãezinhos a cercá-los, a cadelinha com vestido e véu e o cãozinho com gravata borboleta e uma pequena multidão de curiosos espantados a acompanhá-los. Pensei logo se tratar de alguma brincadeira de televisão, tipo “pegadinha”, não me contive e parei para assistir e por que não dizer, testemunhar insólita ocasião. O tal padre até que entendia do ritual, levando, passo a passo, rigorosamente, todos os atos que normalmente presenciamos nas igrejas, quando de casamentos, digamos assim, normais. Mas, até ai, tudo bem, poderia ser apenas uma brincadeira daquele sujeito, talvez para aparecer, ou como forma de divertimento. Entretanto, quando chegou a hora de perguntar se naquele “recinto” havia alguém que soubesse de algo que impedisse aquela união, uma mulher gritou atrás do “padre”: -Eu sei seu “vigário!”. Nossa, a risada foi geral, mas a coisa tomou outro rumo, quando outro expectador começou a discutir com a tal mulher, dizendo que ela era uma maluca e calasse a boca. Os dois começaram a se alterar. Ela dizia que o cãozinho já era casado com sua cadela e o homem a chamava de mentirosa, pois seu cão, inclusive, ainda era virgem (imaginem...).Pra finalizar, a coisa esquentou de tal maneira, que tiveram que separar os dois que já se preparavam para as vias de fato. O mais incrível de tudo é que, enquanto a cadelinha se mantinha quieta ao lado do padre, o cãozinho atacava o homem que dizia ser seu dono. Talvez quisesse o cão, defender sua verdadeira sogra.

Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 06/12/2004
Reeditado em 14/01/2010
Código do texto: T555