Professooor!

Aluno é uma peste! (No bom sentido).

Parece ocupar todos os espaços do nosso planeta. Imagináveis e inimagináveis. Está nas ruas, nas praças, nas esquinas, nos logradouros...

De modo que aonde o professor vai o aluno já está. Sem recíproca.

Eu mesmo que o diga. Quando menos espero, lá vem o grito: Professooor!...

Já busquei várias maneiras de ”me camuflar”, mas não houve jeito. No ônibus, por exemplo, é um verdadeiro estardalhaço. Sobe, em grupo, sempre alegre e tagarela. A esta altura do campeonato, eu já estou com a cara enfiada num jornal, na vã esperança de passar despercebido, quando ouço o grito: Professooor! O senhor também anda de ônibus... Complementa.

Pior que, uma vez aluno, nunca mais deixa de sê-lo.

Certa feita eu estava tomando banho de sol, numa praia remota, quando apareceu um senhor já tendendo para o maduro. Ao aproximar-se foi logo gritando: Professooor! A quanto tempo...

Consta que um companheiro, dessa desafortunada profissão, resolveu “fugir de férias”. Buscou fugir para um lugar bem distante: “onde não morasse ninguém, onde não passasse ninguém, onde não vivesse ninguém”...

Em assim sendo, vamos encontrar esse pontículo de gente curtindo o tempo dentro de um acanhado caico; em meio a um mar de águas barrentas mescladas a marrom escuro; em meio ao bioma do lendário boto cor de rosa; em meio a uma imensa floresta latifoliada tropical; em meio a um país tamanho continental; em meio a uma terra geoide; em meio a um sistema solar; em meio a um universo de “sei lá o quê”...

Exatamente nesta proporção de dificuldades a acessos se encontrava nosso amigo docente, quando, de repente, duas mãos saíram d’água e agarraram as bordas do barquinho; em seguida apareceu uma cabeça. Era nada mais, nada menos, que a bela ruiva aluna de sua sala; conhecida por “boto-fêmea da Amazônia”. (Bela ruiva por ter herdado um defeito de mutação genética no cromossomo 16, no gen vermelho recessivo polifórmico neardental – MC1R).

Mesmo meio atordoado com a surpresa, o lente ainda conseguiu ouvir a aluna dizer: Professooor! O senhor também por aqui, pesquisando no mesobotômio do nosso crescente fértil amazônico...

Foi a gota d’água, o professor simplesmente apagou, por exaustão.

Ainda consta que o tal docente só viera acordar numa maca de uma ONG estrangeira, situada no meio da reserva indígena “raposa serra do sol”. Como seria de se esperar: acordado por um índio-aluno, querendo saber até onde ele tinha pesquisado sobre o tal do Nióbio.

Porém esta é outra história...

Edmilson N Soares
Enviado por Edmilson N Soares em 07/08/2016
Código do texto: T5721939
Classificação de conteúdo: seguro