UM CASAL DE VELHINHOS NA CAMA
O faxineiro passava o escovão no corredor, quando ouviu vozes ofegantes de duas pessoas, juntamente com o ranger da cama, num dos quartos da pensão.
Era um casal de velhinhos.
A velhinha dizia: vá, meu velho, vá! Tente outra vez. O velho dizia: você não viu, mulher, que já tentei várias vezes. Mesmo assim a velhinha insistia: tente mais uma vez, meu velho.
Mais uma vez a respiração ofegante, sincronizada com o barulho da cama.
Passados alguns minutos, o velhinho desabafou: desisto! A velhinha, para atenuar, disse: e se eu ficar por cima? Talvez dê certo. Quem sabe?
Tá legal! Responde o velho.
Outra vez respiração ofegante e ringir da cama.
Passados outros minutos, ambos, extenuados e decepcionados, estão prestes a desistir quando a velhinha sai com outra ideia: Vamos nós dois ficar por cima!
É! Talvez assim dê! Confirma o velho.
Novo barulho de cama e sons ofegantes.
A esta “altura do campeonato” o faxineiro resolveu “pagar para ver”: entreabriu a porta e gritou: faxineiro!
Estava o casal de velhinhos em cima da cama, sentado numa baita mala, abarrotada de roupas, e fazendo pressão para ver se conseguia fechar os zíperes da mesma.