Fim do Horário de Verão no Fim feira.

Feira livre é o shopping dos pobres; isso a humanidade sabe sem consultar as cartas e búzios. Embora os olhos cobertos pelos óculos escuros, os pés trepidando em cima dos saltos altos e as unhas com brilho de esmalte especiais, por lá só aparecem bolsos vazios e anarquistas para chacotear:

- Olha o dinheiro no chão, olha o dinheiro chão - berra o charlatão anarquista. Todos param, estacam de repente, batem cabeça ao olhar para o chão; ele que tem tudo a ver com o fato, cai na gargalhada e diz: "não trazem dinheiro para a feira e querem achar o que não perderam. Quando não são filhos assistenciados pelo Lula, são queridinhos da Dilma; no momento são filhos vagabundo desempregados do Temer; porque banheiros para lavar, toda casa possui".

Segue observando o movimento e aprontando as deles: "ei fulano, na banca anterior disseram-me que você faz qualquer negócio, isso mesmo"?

- Claro, não me chamo Salim, mas fazemos qualquer negócio.

- Quanto pagam numa coroa bem conservada.

- Coroa de ouro?

- Não, minha sogra.

- Nem de graça...

- Poderia deixá-la em consignação? Venda por qualquer preço e dividimos o dinheiro. Ao menos, fico uns dias livre de dois pratos de comida, alguns copos de água, lavagem de roupa e muita fofoca. Ô velha que fofoca, sô!?

Desfilando seus óculos escuros, sapatos brancos, sapatos pretos bicos finos luxuosamente lustrados, celular no ouvido e o finíssimo terno comprado em brechó, desfila descontraidamente confabulando com o vazio: "Ei dona Ida, na volta veja as ofertas que temos para senhora, madame. Se precisar, posso cuidar do cãozinho da senhora, dona Ida".

E o tempo vai passando, quando de repente dá por si e pergunta o horário numa banca. O vendedor mais que solícito responde: "passado de 14 horas".

- Horário de verão, ou de Brasília?

- Sei lá...; aí é querer saber demais.

Sai em disparada gritando: "vixe valha-me Deus. A pessoa do depósito marcou de entregar o gás 12 h, ou seja meio dia. Já é mais de uma hora da tarde e minha mulher está sozinha em casa. Em uma hora dá para trocar muita coisa, além do gás, janelas, portas, cama, mesa, banho. Duas horas passadas é de tempo de sobra até para esquentar a marmita em banho maria. Abrem alas, saiam da frente. Pode ser que o fim de feira esteja acontecendo em minha casa. Essa mudança de horário engana, atrapalha a vida dos miseráveis. Quando acabarão com essa merda?"

Espalhafatoso, voou em direção a sua casa.

Momo Ressaqueado quer 1 Mimo

Já fui obeso, barrigudo, urubu malandro nos morros, feio, Pai de Santo, poeta, juiz Moro, Presidente Lula, sapo barbudo, Macumbeiro, pancada, traficante, roqueiro, nordestino, beatnik, punk, black power, filósofo. Atualmente o rei Momo escreve para o Recanto sobre o carnaval do Rio.

Tudo começou quando o carro alegórico encapotou. Saí pela tangente. A garrafa de marafo foi junto; a máscara pegou fogo, a coroa sumiu, perdi a majestade; fiz regime, emagreci, plastifiquei as faces, amarrei arames coloridos na dentadura, tatuei o corpo, meti silicone na bunda, pintei a cara, virei celebridade, estudei os métodos matemáticos do Pi errou e a boca salivou, cujo objetivo é descolar, passear pelas entranhas, arrumar um mimo.

Estou doido, malucão, arrancando chumaços de cabelo, por um mimo de uma mama bicuda. Mas por favor, traga-me uma mama bicuda feminina que possa encher a boca de um macho carente de mimo; pois quem não pede chorando, não mama em teta de cadela, arreganhando os dentes caninos de alegria!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 18/02/2018
Reeditado em 20/02/2018
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